Os sintomas da nova variante da covid-19, chamada de Ômicron, são semelhantes ao de um leve resfriado como tosse seca, dor de garganta e cansaço nos membros inferiores. Apesar de não causar falta de ar e a perda do olfato e paladar, essa nova mutação do vírus é preocupante por conta do aumento da contaminação entre pessoas na África do Sul, um dos primeiros países onde o genoma do vírus foi sequenciado, no final do mês de novembro.
Outros casos já foram identificados em países da Europa como a Holanda que teve casos confirmados em pessoas que não tiveram passagens pela África e muito menos contato com outras que tenham passado por lá.
No Brasil, até o momento, foram confirmados três casos da doença. Duas pessoas, um casal de 41 e 37 anos, provenientes da África, enquanto que o terceiro, um rapaz de 29 anos, vindo da Etiópia desembarcou em Guarulhos, sem sintomas, mas fez o teste que deu positivo para covid-19. Ele havia tomado as duas doses da Pfizer. A amostra deste terceiro caso foi sequenciada geneticamente pelo Instituto Adolfo Lutz.
Em entrevista ao portal dcmais, a doutora em Ciências Farmacêuticas, Elisangela Gueiber Montes, professora dos cursos de Medicina e Farmácia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), destacou que as vacinas podem ser eficazes contra a nova variante, mas que novos imunizantes estão em fase de estudos para serem desenvolvidos pelo mesmo fabricante da vacina Pfizer.
Segundo a pesquisadora, ainda é cedo para afirmar se a Ômicron pode ser mais mortal em comparação com as outras variantes, no entanto, todas as medidas de prevenção devem continuar sendo tomadas para se evitar uma nova onda em todo o país. Confira o que disse a especialista.
Como essa nova variante surgiu?
Como e onde ela surgiu ainda é uma incógnita porque sabemos que na Holanda tem casos confirmados de pessoas que não tiveram passagens pela África e essa confirmação foi feita a partir da identificação do genoma do vírus antes mesmo da confirmação na África do Sul, país onde teve o primeiro sequenciamento da variante.
As vacinas são eficazes contra essa nova variante?
As vacinas podem ser eficazes e é o que boa parte dos fabricantes também acreditam. O que pode acontecer é ocorra mudança nessa eficácia como já aconteceu com a variante Delta. O terceiro caso identificado no Brasil, por exemplo, o paciente estava assintomático e deu positivo. No entanto, a vacina que ele recebeu o protegeu de desenvolver a forma grave da doença ainda que por uma variante. A Pfizer também prometeu o desenvolvimento de novas vacinas contra outras variantes que venham a surgir em um prazo de 100 dias.
A Ômicron pode ser mais contagiosa?
Ainda é cedo para afirmar essa questão, mas o que preocupou é de que um número pequeno de casos na África do Sul gerou uma disparada na contaminação. O que se verificou é que a Ômicron substituiu a variante Delta. Mas somente será possível essa confirmação após uma avaliação maior da população e a das características virais que se poderá chegar a conclusão dessa transmissibilidade.
Quais são os principais sintomas?
Todos os dados que nós temos são da África do Sul a partir de um acompanhamento médico das pessoas que tiveram infecção pela variante. Uma das diretoras do Conselho Nacional de Medicina da África avaliou que a maioria dos pacientes não apresentaram falta de ar e a perda de olfato e paladar como os pacientes relatavam anteriormente com a Delta.
O ponto principal nesse caso agora é o cansaço, garganta arranhando e tosse seca. Os sintomas são semelhantes ao de um resfriado e podem passar despercebidos pelos pacientes. Mas é somente pela identificação do genoma do vírus é que será possível identificar se é mesmo a nova variante.
O grau de mortalidade é alto?
Ainda não se tem informações quanto ao grau de mortalidade da nova variante. Ainda é necessário um número maior estaticamente para saber. Por enquanto, ainda não tem confirmação de óbitos pela Ômicron.
O Brasil poderá enfrentar uma nova onda?
Independente da Ômicron, há chances de uma nova onda por conta da baixa adesão da vacinação e do afrouxamento das medidas preventivas. Na Europa, eles viveram um verão com tudo liberado e tiveram uma contaminação maior agora no inverno. Tudo vai depender da forma como a população irá se comportar nas festas de final de ano. Se não houver controle das festas, o risco de uma nova onda é bem grande.
Quais as medidas devem continuar sendo tomadas?
É preciso insistir em lavar as mãos, utilizar as máscaras e álcool em gel. Essas ainda são as medidas mais eficazes em locais mais fechados. E o ponto fundamental para que não tenhamos que viver tudo novamente seria a vacinação e todos devem tomar consciência e tomar todas as doses da vacina.