O boletim diário da covid-19 em Ponta Grossa aponta que o município está entre aqueles com maior número de casos ativos do vírus. A reportagem do Diário dos Campos realizou levantamento comparativo dos seis municípios mais populosos do estado.
Foi feita a análise dos boletins divulgados pelas prefeituras, considerando o total de casos confirmados desde o início da pandemia. Desse total foi retirado o números de casos recuperados e de óbitos para se obter o número de casos ativos – pessoas que estão infectadas e podem transmitir a doença.
Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e São José dos Pinhais apresentam, segundo os dados oficiais, percentual inferior a 6% de casos ativos. Ponta Grossa tem índice de 36,9% de casos ativos.
Caso ativos
O número chama a atenção pela grande diferença entre as outras cidades, que significaria uma possibilidade maior de contaminação. Ponta Grossa teria, então, uma das menores taxas de pacientes recuperados. No início do ano, o DC apontou que a taxa de casos ativos no município estava muito acima da média do Estado. A Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou, então, que isso ocorria devido a atrasos na atualização dos dados, por falta de equipes que pudessem identificar pacientes já recuperados e dar baixa no sistema.
Números atualizados
A reportagem entrou em contato com a FMS novamente, e questionou se agora os dados disponíveis no boletim diário estão corretos, e a fundação informou que sim. “No momento os dados divulgados nos boletins são atualizados. Não há atraso, a central de monitoramento colocou em dia os casos ativos, recuperados e os de isolamento domiciliar”, informou por meio de sua assessoria de imprensa.
Dados da SESA
A reportagem se concentrou nos dados disponíveis nos sites das prefeituras, por entender que são mais atualizados, e por serem a base para atualização no portal da SESA-PR. No entanto, quando analisados os dados do boletim mais recente da covid-19 divulgado pelo estado, Ponta Grossa aparece com 33,7% de ativos. Apesar do ‘delay’ comum entre os boletins desde o início da pandemia, os percentuais estão próximos.
Opinião do Repórter
A Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) publicou, em março, artigo revelando que estudos conduzidos no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) sugeriam que, em pacientes com sintomas leves, o SARS-CoV-2 pode permanecer ativo no organismo por um período superior aos 14 dias de isolamento recomendados no Brasil.
As análises indicam que o RNA viral permanece detectável por mais tempo na saliva e na secreção nasofaríngea. Em meio a 50 pacientes voluntários analisados, 18% mantiveram teste de RT-PCR positivo por até 50 dias.
Mesmo se considerássemos essa possibilidade, nos últimos 50 dias Ponta Grossa teve a confirmação de cerca de 9 mil novos casos de contágio identificados. Não é crível que todos eles ainda estejam ativos e, se estivessem, significariam uma taxa de 20%, bem inferior ao dado extraído dos boletins.
Para que o dado oficial estivesse correto, precisaria que todos os pacientes registrados desde 23 de março estivessem com o vírus ativo até hoje. A hipótese mais plausível é que haja erro no dado oficial sobre pacientes recuperados.