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Por que Berlim não responde?

A Academia de Letras dos Campos Gerais foi escolhida para o lançamento, aqui em Ponta Grossa, do romance do sociólogo alemão Franz J. Brüseke. É seu primeiro livro publicado em português. A edição da Ateliê de Humanidades registra um momento muito atual da época em que vivemos, com incertezas e instabilidade política mundial. Através de uma narrativa carregada de realismo e crítica social, ambientada em um cenário de destruição nuclear, sem enveredar pela ficção científica, o romance atravessa dois mundos com realidades diversas: Europa e América do Sul. No fio condutor, a ruptura da comunicação com a Alemanha, ponto de partida da jornada dos personagens até o desfecho no sul do Brasil e que dá o título “Berlim não responde”. E por quê? 

Se a humanidade procura uma utopia no século XXI, Franz apresenta um mundo em distopia, onde as vontades individuais se perdem nas tragédias e incertezas de uma situação misteriosa. Angustiante na apresentação do fio condutor, mas foi construído na jornada incessante dos personagens à procura de sentido em um mundo caótico.

Franz Josef Brüseke é nascido em Hamm, Westphalia, Alemanha, autor de vários romances e atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina. Em 1987, foi enviado ao Brasil como perito integrado da Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbei GTZ/CIM, tendo trabalhado no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, na Universidade Federal do Pará para a criação de um curso de pós-graduação em desenvolvimento sustentável. Em 1998, mudou para a Universidade Federal de Santa Catarina e em 2006, para a Universidade Federal de Sergipe. Tem uma respeitada produção acadêmica, com publicações sobre modernização, desenvolvimento sustentável e sociologia da tecnologia.

Além de suas publicações técnicas tem uma vertente profícua na publicação de obras de ficção. Seus romances, com um pano de fundo histórico, se alternam entre os cenários europeus e latino-americanos. Revelam nas suas linhas suas experiências como migrante alemão e intelectual em forma literária. De forma expressiva, seus personagens refletem uma experiência existencialista do mundo que oscila entre afirmação, euforia da vida e a expectativa geral de desastre. Observamos, também, um senso poético impresso em alguns trechos, demonstrando que poderia transitar também pela poesia. Curiosamente confessou que só tem um livro de poesias, publicado na Romênia. Foi desafiado a pensar na tradução dessa obra para o português.

Seus romances mais recentes são:  Zeus e Goldenberg (2021), Hans Noll em Amazonien (2019), Aquário (2020) e Berlim não responde (2025).

Por ocasião do evento de lançamento da obra, no dia 29 de setembro, recebemos o autor na Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke, ocasião em que pode conhecer um pouco mais sobre o trabalho e a importância da Academia.

Contou, ainda, durante a leitura e comentários sobre trechos do livro, que não consegue escrever em português. Fato que explica que apesar de atualmente residir no Brasil suas publicações são, originalmente, na língua alemã. Destacou que estava fazendo uma leitura em português de maneira inédita, pois não era seu costume.

A vinda de Franz à Ponta Grossa foi intermediada pelo acadêmico Newton Schner Jr. em parceria com o Verein Deutsche Sprache, Centro de Línguas Germânia, Academia de Letras dos Campos Gerais, Associação Germânica dos Campos Gerais e o Centro Cultural Prof. Faris Michaele.

Com um público interessado e participativo, Franz autografou a obra que de maneira muito sugestiva instiga a curiosidade do leitor: por que Berlim não responde?

O auditório do Boulevard Center durante a apresentação de Franz J. Brüseke. Foto de Carlos M. Fontes Neto.
Douglas Passoni de Oliveira (presidente do Centro Cultural Prof. Faris Michaele), Flávio Madalosso Vieira (presidente da Academia de Letras dos Campos Gerais), o escritor Franz J. Brüseke, Newton Schner Jr (diretor do Centro de Línguas Germânia) e Carlos M. Fontes Neto (presidente da Associação Germânica dos Campos Gerais). Foto de Luísa Fontes.
O escritor Franz J. Brüseke entre alguns membros da Academia de Letras dos Campos Gerais. Foto de Isabel Regina Nascimento.

Franz J. Brüseke recebeu uma edição do Memorial do Bicentenário de Ponta Grossa e Jaguariaíva na sua visita à Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke. Foto de Luísa Fontes

*Carlos M. Fontes Neto é ocupante da cadeira 9 da Academia de Letras dos Campos Gerais e diretor da Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke.

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Escrito por CARLOS MENDES FONTES NETO

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