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Wesley Batista permanece em silêncio em depoimento na CPMI da JBS

Durante pouco mais de duas horas em que permaneceu na audiência conjunta da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS e da CPI do BNDES (do Senado), o empresário Wesley Batista, um dos controladores do grupo J & F, se recusou a responder perguntas de deputados e senadores, usando o direito constitucional de permanecer calado.

O silêncio diante das perguntas fez com que o presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), anunciasse que vai pedir à Justiça a revogação da delação premiada dos controladores da JBS. O senador alegou que a Lei das delações premiadas (12.850/13) obriga o delator a abrir mão do silêncio. “Vou seguir as orientações dos meus advogados e ficar calado”, insistiu Batista.

Divulgação
Presidente da CPMI (segundo da esquerda para direita) ameaçou pedir a revogação de Wesley Batista (sentado à direita dele)

Antes do interrogatório, o empresário leu um comunicado em que afirmou estar disposto a colaborar assim que for resolvido o impasse judicial relativo aos efeitos de sua colaboração premiada. Ele negou ainda ter descumprido as cláusulas do seu acordo de colaboração judicial e se disse injustiçado por estar preso enquanto as pessoas que delatou estão soltas.

Wesley e o irmão Joesley Batista, assim como o executivo Ricardo Saud, perderam os benefícios legais de sua delação, entre os quais a imunidade penal, depois que foram acusados de omitir informações do Ministério Público – principalmente sobre a participação do ex-procurador da República Marcelo Miller nas tratativas relativas à colaboração.

“Estamos vendo colaboradores sendo punidos e perseguidos pelas verdades que disseram. Isso fez o Brasil se olhar no espelho, mas como ele não gostou do que viu, temos delatores presos e delatados soltos”, disse Batista antes das perguntas dos integrantes das comissões.

Wesley Batista disse ainda não estar arrependido de colaborar com a Justiça. Ele descreveu o processo de delação premiada como uma decisão “difícil e solitária” e classificou a reviravolta dos benefícios que obteve com a colaboração como um “retrocesso”.

Acusação
Wesley e Joesley Batista, estão presos, suspeitos de usar informações privilegiadas para obter lucro com compra a de dólares e a venda de ações da própria JBS antes da divulgação do acordo de colaboração que fizeram com o Ministério Público.

As operações financeiras questionadas foram realizadas entre 3 de maio, quando foi assinado o acordo de delação premiada, e 17 de maio, quando foi divulgada a gravação entre Joesley e o presidente Michel Temer, quando o acordo de colaboração se tornou público.

Assessoria do ex-procurador
Os integrantes das duas CPIs não esconderam a irritação com o silêncio do empresário. “Eles não podem dizer a verdade porque no dia que disserem a verdade as delações serão anuladas”, disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Batista se recusou a responder perguntas sobre a participação do ex-procurador Marcelo Miller na negociação dos acordos de colaboração.

Em depoimento à CPMI, o advogado Francisco de Assis e Silva, ex-diretor jurídico da JBS, disse que Miller ajudou na formatação da proposta de delação premiada dos executivos do grupo quando ainda fazia parte da equipe do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Segundo ele, Miller teria orientado Wesley e Joesley a respeito dos termos da delação em fevereiro, dois meses antes de se desligar oficialmente do Ministério Público para atuar como advogado em um escritório encarregado de atuar para a JBS no acordo de leniência.

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