Após uma grande quebra nas primeiras semanas de pandemia a economia nacional vem reagindo em diversos setores mês a mês. A venda de veículos é um exemplo disso: de maio para janeiro a quantidade de emplacamentos quase dobrou no Brasil, passando de 100.422 para 194.354 (+93,5%), de acordo com Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Em Ponta Grossa, de acordo com a base de dados da Federação, apenas no mês passado foram comercializados 361 veículos; mais de 3 a cada 5 foram automóveis.
Se comparados aos resultados de junho de 2019, os emplacamentos do último mês em todo o país ficaram 38,58% abaixo das 316.453 unidades comercializadas no ano passado, queda similar quando considerado o acumulado do ano: no primeiro semestre de 2019 foram 1.918.977 unidades, contra 1.255.663 no mesmo período deste ano – mas, em Ponta Grossa, há realidades diferentes.
“Tivemos uma baixa nas vendas, mas não muito vertiginosa. Em abril não trabalhamos o mês inteiro e vendemos 50 unidades. Em maio foram 72 e em junho 94 carros, mesma média mensal de antes da pandemia, que era de 90 a 100 carros por mês”, conta Giancarlo Capri, gerente da Cipauto, concessionária ponta-grossense da Chevrolet – marca que segue como a mais vendida no país, responsável por 17,6% de todas as vendas de automóveis em 2020.
No caso da Mont Kóya, que representa a Mitsubishi na cidade, do início da pandemia, em abril, para agora, o crescimento é de cerca de 20% nas vendas. “Ainda estamos um pouco abaixo, mas acreditamos que em julho retome o mercado normal. A demanda está reprimida, mas o consumidor uma hora ou outra compra carro; reprograma, mas não deixa de comprar”, afirma o gerente da Mont Kóya, Luis Alberto Scarati Jr.
“Observamos que este momento foi mais de insegurança sobre o futuro, mas mesmo assim o segmento de automóveis tem demanda. Com a retomada das fábricas também temos disponibilidade de produtos, condições especiais de financiamento lançadas até pelas fábricas e bancos e avaliações diferenciadas para trocas”, lembra Scarati Jr.
No total, enquanto que em maio de 2019 o Detran contabilizava uma frota de 207.377 veículos em Ponta Grossa, o dado mais atualizado, de maio de 2020, aponta um total de 214.722 – o correspondente a 7.345 veículos novos, um crescimento de 3,5%.
Perfil das compras
Ambas as concessionárias de Ponta Grossa perceberam mudanças no perfil das compras dos automóveis. Na Cipauto, por exemplo, a venda de carros populares caiu 70%. “Notei que temos vendido mais carros mais caros do que os baratos, mais os premium do que os populares, afinal, quem tem posse, compra. Creio que é uma tendência que deve continuar até o final do ano, pelo menos até as coisas se acalmarem. Em conversa com pessoas assalariadas elas comentam que não querem assumir dívidas e compromissos financeiros”, diz o gerente Giancarlo Capri.
Já na Mont Kóya a mudança foi na rodagem dos carros. “Tivemos uma migração nesse sentido, pois a venda de seminovos cresceu comparada à dos carros 0 km”, ressalta o gerente Luis Alberto Scarati Jr.
Uma semelhança entre as duas concessionárias é que as formas de pagamentos continuam na mesma proporção: enquanto que na representante da Chevrolet 40% das vendas são feitas à vista e 60% por meio de consórcios ou financiamentos, na da Mitsubishi as vendas às vista representam de 20 a 30%, sendo a maioria também através de financiamentos ou trocas.
Na Cipauto, concessionário da Chevrolet de Ponta Grossa, houve aumento nas vendas dos carros premium, em relação aos populares (Foto: José Aldinan)