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Uma primavera que mudou a visão dos ponta-grossenses

Em setembro de 1956, o então acadêmico de Filosofia, Antonio José França Satyro, criou os Jogos Estudantis da Primavera, um dos mais tradicionais eventos esportivos não só de  Ponta Grossa, mas também do Paraná. Desde a sua primeira edição, os jogos nunca sofreram interrupção e nesta temporada completa 60 anos. Hoje, com 84 anos ,o professor Satyro se sente orgulhoso e feliz por ter dado contribuição tão importante para a cidade. Ele foi homenageado nesta edição de 60 anos, por iniciativa da UEPG. A solenidade, na véspera da abertura dos jogos, ocorreu  no grande auditório do campus central da universidade.

Natural de São Carlos, no interior de São Paulo, Satyro chegou em Ponta Grossa em 1949, ainda adolescente, junto com seu pai, que veio trabalhar na região dos Campos Gerais. Logo foi chamado para jogar no Guarani, incentivado pelo então zagueiro Wilson Moro. Ficou dois anos defendendo o Bugre e também passou em primeiro lugar num concurso da Prefeitura Municipal, o que o manteve na cidade. “ Então comecei a namorar e acabei ficando de vez em Ponta Grossa”, conta o professor.

Então, já na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa, no prédio onde foi o antigo Colégio São Luiz e hoje pertence a Faculdade Santana, Satyro trabalhou a ideia da realização dos  jogos e através do Diretório Acadêmico Joaquim de Paula Xavier, o projeto foi colocado em prática. “Na época não foi tão fácil assim. As pessoas em Ponta Grossa não tinham uma identificação esportiva e isso era um assunto tratado com certa irrelevância. Mas, quando aproveitamos uma situação de greve escolar na época, pude expor a ideia dos jogos da primavera e tive apoio dos colegas.  Luiz Carlos Blanc, que era o diretor na época, não estava muito interessado em me ouvir a respeito, dizendo que a prioridade das reuniões era atender interesses dos alunos e professores em relação a greve. Contudo, ele acabou sendo o primeiro presidente dos Jogos Estudantis da Primavera. Mas, isso ocorreu depois de várias tentativas de conversa e tudo mais”, lembra o professor com bom humor.

Então, Satyro elaborou o regulamento. Durante as quatro primeiras edições  ele e seus colegas organizaram o evento e o colocaram em prática. “Naquela época, o meio estudantil não praticava esporte por aqui. Era algo novo e até desconhecido. Acredito que a ideia dos JEP renovou a mentalidade das famílias em Ponta Grossa. Na primeira edição, alguns pais de alunas chegaram a me intimidar, dizendo que não era possível ver meninas vestirem calção para jogar. Mas, a vontade das meninas foi maior e tudo foi se encaminhando com tranqüilidade. A intenção era realmente abrir a cidade para o esporte, como era em São Paulo e acho que deu certo”, relembra o professor Satyro.

Hoje, Satyro entende que o tempo passou e as coisas mudaram. “Os Jogos Estudantis da Primavera já tiveram seus bons tempos. Hoje, o mundo está diferente, mas percebo que o espírito do JEP ainda permanece. Isso é o que me deixa muito feliz’, resumiu o professor. (F.R.)

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