Pelo menos uma em cada cinco indústrias de Ponta Grossa fechou as portas em algum período da pandemia do novo coronavírus, já que 20% apontam que a paralisação de atividades foi a causa para uma queda na sua produção – situação registrada em mais de 90% das empresas da cidade. Os dados são da pesquisa do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG) feita junto ao Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas (Nerepp) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que apresenta que o principal motivo para essa retração na produção foram as quedas da demanda, apontadas por 68% dos entrevistados.
Quando questionada sobre os impactos sofridos desde o começo da pandemia, a maior parte dos industriais – 20,9% – citou a queda no faturamento. A média, entre todas as que responderam a pesquisa, é de uma queda equivalente a 31% no mês de maio. “No mês de abril essa queda foi mais acentuada, o que pode indicar uma expectativa positiva. Importante destacar que 33,3% das industrias pesquisas conseguiram manter sua receita, especialmente por se tratarem, em boa parte, de empresas essenciais”, ressalta o estudo.
Na sequência nos impactos citados figura a inadimplência dos clientes (15,7%), a paralisação da produção (14,9%) e o cancelamento de pedidos e falta de matéria-prima (10,4%). Apenas 0,7% das indústrias da cidade afirmaram não sentir nenhum reflexo da pandemia.
Um dos pontos que é citado pelos empresários como inibidores da produção é a dificuldade de comprar insumos, principalmente pela dificuldade de importação. “Com efeito, em apenas 5,8% das indústrias pesquisadas de Ponta Grossa não se teve esse problema, de maneira que, em todas as demais, alguma dificuldade se teve, enfatizando que a elevação dos preços por conta da baixa oferta e a própria dificuldade de importar (a qual também está relacionada com a fraca oferta internacional), foram responsáveis por mais de 50% desse impacto relatado pelos industriais”, enfatiza o a pesquisa.
Demandas externas e internas
Cerca de 48% das indústrias pesquisadas eram exportadoras, e destas metade teve queda nas suas receitas. “Cabe ressaltar que no mês de abril/maio (período dessa pesquisa), se teve as maiores desvalorizações cambiais dos últimos anos, cenário que, em períodos normais, afetaria positivamente as exportações”, lembra a pesquisa.
A queda na demanda interna provocou a redução no faturamento de 39% das indústrias. Mais de 90% afirmaram que tiveram baixa na produção e o principal motivador foi a queda da demanda, mas a queda das exportações foi o principal ponto apenas para 8% dos estabelecimentos, “o que demonstra que, embora a retração da demanda internacional seja um impulsionador da crise econômica local, a queda da demanda interna ainda é a principal mola indutora da crise nas indústrias de Ponta Grossa”, explica o estudo.
DC promove entrevista ao vivo sobre a pesquisa
O Diário dos Campos promove, nesta quarta-feira (10), uma entrevista ao vivo com Henrique David Plattek, membro da Câmara Técnica de Comércio e Serviços do CDEPG, para discutir a pesquisa sobre os impactos da pandemia nas empresas de Ponta Grossa. A segunda fase do estudo foi publicada nesta semana e aplicada na segunda quinzena de maio a 273 estabelecimentos via online. Praticamente todos os principais tipos de segmentos foram atingidos pela amostragem. A entrevista será transmitida ao vivo simultaneamente na página do Facebook, site e canal do Youtube do DC às 9h30.
Impactos sofridos pelas indústrias de PG desde o começo da pandemia
Queda do faturamento (20,9%)
Inadimplência dos clientes (15,7%)
Paralisação da produção (14,9%)
Cancelamento de pedidos/encomendas (14,2%)
Falta de insumos/matérias-primas (10,4%)
Dificuldade logística, de escoamento da produção, insumos e/ou matérias-primas (8,2%)
Piora no acesso ao crédito (6,7%)
Queda da produtividade da mão de obra (3,7%)
Falta/dificuldades de mobilidade/transporte público para os trabalhadores (3%)
Indisponibilidade de trabalhadores (absenteísmo) (1,5%)
Nenhum (0,7%)
*Dados da pesquisa do CDEPG/Nerepp