81 senadores votam nesta quarta-feira se afastam Dilma em definitivo da presidência; Temer conta com pelo menos 63 votos pelo ‘sim’
Entre 10 e 11 horas desta quarta-feira o Senado sacramenta o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O Senado deve votar na manhã desta quarta-feira se Dilma deve ou não ser afastada em definitivo por ter cometido o crime de responsabilidade fiscal. Se pelo menos 54 dos 81 parlamentares votar pelo ‘sim’, Dilma sofrerá o impeachment e Michel Temer assume a presidência em definitivo. A equipe de Temer afiram ter assegurado pelo menos 63 votos necessários para mantê-lo na chefia do Executivo.
Na terça-feira o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, tratou do roteiro para o dia final do julgamento de Dilma. Lewandowski não chegou a definir o exato horário da etapa de votação, estimando que possa se iniciar entre 10 e 11 horas de quarta-feira. Na terça-feira houve as manifestações da advogada da acusação, Janaína Paschoal, e da defesa de Dilma, com José Eduardo Cardozo. Em seguida os senadores se manifestaram a respeito de seus votos. Foram 66 parlamentares inscritos para se pronunciar pro até dez minutos.
Roteiro
Na retomada da sessão, ainda na manhã de quarta, o Lewandowski deverá apresentar um relatório resumido dos fundamentos da acusação e da defesa, bem como das provas.
Depois, para encaminhar a votação, falarão dois senadores pela acusação e dois pela defesa, por até 5 minutos cada. Lewandowski formulará então aos senadores a seguinte questão: cometeu a presidente Dilma Rousseff os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos junto à instituição financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo oito anos?. Os senadores que entenderem que ela deve ser condenada, respondem sim, e os entenderem que deve ser absolvida, respondem não. A votação será aberta, nominal, pelo painel eletrônico. Se 54 senadores votarem sim, Dilma é afastada em definitivo.
Choro
Tanto Paschoal como Cardozo expuseram lágrimas na sessão de ontem no Senado. Janaína Paschoal, disse ter sofrido mais que ninguém por ter solicitado o afastamento da presidente, pelo fato de ser a primeira mulher na Presidência da República. Ninguém pode ser perseguido por ser mulher. No entanto, ninguém pode ser protegido por ser mulher, disse a advogada, no quinto dia de sessão do julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff. Este processo é do povo. Não só dos movimentos sociais que nos apoiaram, mas de cada um dos brasileiros que, individualmente, se manifestou neste período e deu força para que conseguíssemos chegar até aqui, declarou.
Já José Eduardo Cardozo, afirmou que a petista está sendo afastada sem que o povo que a elegeu tenha entendido minimamente o crime que tenha praticado. Me dói, não como advogado, mas como ser humano. Não é justo falar o que falaram aqui de Dilma Rousseff. Querem condenar, condenem, mas não enxovalhem a reputação de uma mulher digna, pediu.
Reforçando as alegações usadas pela presidenta afastada e os mesmos pontos que vem apresentando ao longo do processo de impeachment, Cardozo ressaltou que as acusações contra Dilma são confusas e, no fundo, não passam de pretextos. A maior parte da população brasileira não saberá quais foram as reais acusações. São pretextos. Pretextos irrelevantes, afirmou.