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Plantio de placenta: entenda no que consiste essa prática

Placenta é vista como símbolo de fecundidade e imortalidade, o que motiva inúmeros rituais e interpretações de significado

Algumas pessoas usam a placenta para fazer uma espécie de carimbo / Imagem: vilamaterna.com

Nessa semana, uma notícia inusitada chamou a atenção na internet. Uma moradora de Morro da Fumaça (SC) teve a casa invadida, e os ladrões furtaram de seu congelador um pote de sorvete, dentro do qual estava sua placenta, recolhida e guardada desde o nascimento de sua filha, em 2018. O assunto foi divulgado pela reportagem do O Globo, a quem a moradora relatou que havia congelado a placenta para, um dia, fazer seu plantio na companhia da filha.

Plantar a placenta

Mas, como assim… plantar a placenta? Embora isso tenha sido narrado com naturalidade, para muitas pessoas soou estranho. Entenda melhor do que se trata:

Adriana Costa, fotógrafa mineira, também adotou a prática e relatou o plantio da placenta em seu blog. Segundo ela, diversas culturas ao redor do mundo realizam essa prática, que tem múltiplas interpretações. “No Sudão, a placenta é considerada o espírito gêmeo da criança, e acreditam que ela deverá ser enterrada em um local que representa as expectativas e esperanças dos pais em relação ao filho. Os aborígenes a usam para fazer colares, para ajudar no crescimento saudável da criança e protegê-la contra doenças”, relata. (veja fotos do ritual aqui)

Comer a placenta

Se o ladrão da placenta narrado no início do parágrafo achar que é um pedaço qualquer de carne qualquer e resolver comer, não será tão estranho assim… Mayara Penina, no portal Lunetas, descreve que, em algumas culturas, comer a placenta também é ritual comum, embora no Brasil nem tanto.

“Apesar de a placentofagia – termo usado para o ato de se comer a placenta após o parto – estar em constante divulgação, principalmente após personalidades públicas compartilharem a pretensão de comer o item após o nascimento de seus filhos, ela ainda provoca dúvidas em grande parte da população. No Brasil, o assunto ainda não é muito divulgado e é pouco conhecido”, comenta a autora.

Imagem: Portal Bebê Mamãe

Usando como adubo

Para outras pessoas, a placenta pode servir, simplesmente, como adubo. “Você pode se preparar psicologicamente para esse momento e participar juntamente com o seu filho e marido, ou simplesmente sozinha pensando e refletindo sobre o momento em que seu filho era nutrido e recebia tudo que precisava através dela. Algumas pessoas fazem o ritual de ouvir músicas, além de plantar a placenta junto com ervas e plantas medicinais”, sugere o blog Lá Vem Bebê em postagem sobre o assunto.

Carimbo da placenta

Em outra forma de uso da placenta, também repleta de simbologia, ela é utilizada como uma espécie de carimbo, deixando uma marca similar a uma árvore, usada depois como decoração ou recordação. “A família do bebê pode levar para casa o carimbo da placenta da genitora, grafado em uma folha de papel com tinta guache”, detalha o Hospital de Caridade de Carazinho, no Rio Grande do Sul.

Resíduo infectante

Em todas as formas de uso aqui descritas, a placenta é um símbolo de fecundidade e imortalidade. Ironicamente, as placentas também são resíduo infectante nos hospitais. Em circunstâncias não especiais, vão para o saco branco leitoso, depois ficam armazenadas temporariamente em uma geladeira, sendo depois recolhidas pela empresa que transporta e incinera o item considerado resíduo infectante.

Citação na Bíblia

Em citação bíblica, comer a placenta é descrito como ato de desespero. O trecho está no livro Deuteronômio, onde consta que “a situação será tão terrível, que até a mulher mais delicada e carinhosa, que nunca precisou andar a pé quando saía de casa, ficará tão desesperada, que comerá, às escondidas, seu bebê recém-nascido e a placenta também. Ela será tão má, que não dará nenhum pedaço para o seu querido marido, nem para os outros filhos”. (Dt 28:56-57).

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