em

Pesquisa desenvolvida na UEPG vai gerar economia superior a 1 bilhão de dólares

Pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular Microbiana (LABMOM) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) publicaram um importante artigo científico para o futuro da agricultura brasileira. O artigo intitulado “The ammonium excreting Azospirillum brasilense strain HM053: a new alternative inoculant for maize” foi publicado na revista Plant and Soil, um importante periódico internacional da área de Agronomia e concorre ao posto de capa da Edição especial “Microorganisms in Agriculture”.

O estudo foi desenvolvido em parceria com o Núcleo de Fixação de Nitrogênio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Laboratório de Ecofisiologia Agrícola e Biotecnologia (UEL) e o Laboratório de Fisiologia de Plantas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), todos participantes do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Fixação Biológica de Nitrogênio (INCT-FBN).  

A pesquisa e o novo biofertilizante para gramíneas

No artigo os autores apresentam a bactéria fixadora de nitrogênio, Azospirillum brasilense HM053, como um novo biofertilizante para a cultura de gramíneas. A professora Carolina W. Galvão, autora correspondente do artigo e coordenadora do LABMOM/UEPG, explica que o nitrogênio é o macronutriente mais requerido pelas plantas e que apesar do N2 representar 80% dos gases da atmosfera, as plantas não conseguem absorvê-lo nessa forma. Por conta disso, as plantas dependem da fixação biológica de nitrogênio (conversão de N2 em NH3) realizada por bactérias ditas diazotróficas. 

A professora Carolina ressalta que a bactéria A. brasilense HM053, além de produzir amônia independente da disponibilidade de fertilizante nitrogenado aplicado no solo, ela ainda o excreta para a planta associada, diferenciando ela da bactéria A. brasilense AbV5/AbV6, atualmente usada nos inoculantes comerciais. A ausência de uma regulação no metabolismo da fixação biológica de nitrogênio dessa nova bactéria vai de encontro com a grande demanda por nitrogênio nas culturas do milho, do trigo etc.

Impacto da pesquisa para a economia

Carolina também esclarece que essa nova estirpe trará benefícios não só para a indústria produtora de inoculantes, mas principalmente para o agricultor, que terá maior produtividade com menor custo. "Essa nova bactéria deverá contribuir para o aumento da produção de grãos sem a necessidade de aumentar as áreas de cultivo e tendo maior proteção contra seca e doenças", explica a coordenadora do LABMOM/UEPG.

No trabalho os autores inocularam o milho com a estirpe A. brasilense HM053 e utilizaram uma dose de adubação nitrogenada cinco vezes menor do que a recomendada. Estima-se que uma redução de 50% no uso de fertilizante nitrogenado nas culturas de gramíneas poderá gerar uma economia superior a 1 bilhão de dólares por ano. 

 

Biotecnologia em prol do meio ambiente

Além do impacto positivo para a economia brasileira, o professor Rafael M. Etto, também autor da pesquisa e vice-coordenador do LABMOM/UEPG, reforça que o uso dessa biotecnologia traz também muitos benefícios ao meio ambiente. "Quando o nitrogênio químico é adicionado ao solo, cerca de 50% são absorvidos pelas plantas e os outros 50% são convertidos em gases do efeito estufa, como por exemplo o óxido nitroso, aumentando a temperatura na Terra", conta. 

Rafael argumenta que o Brasil teria tido um crescimento 25% maior se não houvesse o aquecimento global. "O aquecimento global intensifica a desigualdade econômica, impactando principalmente os países mais pobres. Além de contribuir para o aumento do aquecimento global, o fertilizante nitrogenado também é lixiviado pelas águas das chuvas e contaminam rios e lençóis freáticos. Portanto, essas bactérias ao fixarem o nitrogênio atmosférico evitam a poluição do meio ambiente, sendo uma tecnologia importante para práticas agrícolas mais sustentáveis", salienta o vice-coordenador do LABMOM/UEPG..

Importância das pesquisas para a sociedade 

Rafael lembra que o artigo é resultado do INCT da Fixação Biológica de Nitrogênio, coordenado pelo Prof. Dr. Fábio de Oliveira Pedrosa, e demonstra a importância das pesquisas realizadas nas universidades públicas brasileiras para a economia e o desenvolvimento do Brasil. "O impacto dessa pesquisa para a economia e para o meio ambiente ilustra o papel fundamental das universidades públicas para a nossa sociedade", ressalta. 

Autores dessa pesquisa interdisciplinar

Além da professora Dra. Carolina Galvão (vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia) e do professor Rafael Etto (Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva e Computação Aplicada), também participaram do artigo a doutoranda Fernanda G. Furmam e o pós-doutorando Daniel R. P. Gonçalves, ambos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UEPG.

Da UEL, participaram o Prof. Dr. André Luiz M. Oliveira (PPG em Biotecnologia) e Leandro S. A. Gonçalves (PPG em Agronomia e em Genética e Melhoramento de Plantas), e o doutorando Odair José A. P. Santos (PPG em Biotecnologia). Da UNIOESTE, participaram o Prof. Dr. Vandeir F. Guimarães e o mestrando André Gustavo Battistus, ambos da PPG em Agronomia. Da UFPR, participaram o Prof. Dr. Fábio de Oliveira Pedrosa e o Prof. Dr. Emanuel Maltempi de Souza, ambos do PPG em Ciências-Bioquímica.

Para mais informações sobre essa pesquisa acesse: https://doi.org/10.1007/s11104-019-04124-8

O LABMOM da UEPG

O LABMOM é um laboratório de pesquisa, ensino e extensão, situado no Bloco M do Campus de Uvaranas, que está credenciado na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e no Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). 

Atualmente o LABMOM permite o estágio de estudantes de mais de 10 cursos de graduação e fornece infraestrutura e auxilia na pesquisa de 10 Programas de Pós Graduação da UEPG. Além disso, possui parceria científica com mais de 20 institutos de pesquisas nacionais e internacionais. Os seus projetos são financiados pelo CNPq, CAPES, INCT, Fundação Araucária e Petrobrás.

Para mais informações sobre as pesquisas e outras atividades do LABMOM da UEPG acesse: http://sites.uepg.br/labmom/

 

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.