A instalação da nova fábrica de celulose mudou o perfil de emprego em Ortigueira, até então concentrado na atividade agropecuária.
O técnico em papel e celulose Antonio Batista Neto, de 22 anos, é um exemplo dessa transição. Ele trabalhava desde os 13 anos como ajudante em fazendas da região até que ouviu, em uma rádio, o anúncio de que a Klabin ia fazer um teste seletivo na cidade.
Depois de várias etapas de provas e um curso de treinamento de um ano, ele foi contratado e está em atividade na empresa há oito meses. Nunca imaginei chegar aonde cheguei. Durante o curso a minha confiança aumentou porque a empresa dava todo o suporte, com ajuda de custo e uniforme. Com uma crise como essa que o país vive, é um privilégio ter um emprego como esse, diz ele, que já tem plano de fazer um curso superior para poder conseguir colocações mais elevadas na empresa.
EVOLUÇÃO – Em 2012, ano em que as obras da fábrica começaram, Ortigueira apresentava um saldo de empregos formais (diferença entre admitidos e demitidos) de apenas 12 vagas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. A maioria dos contratados naquele ano havia sido no setor da agropecuária, com 280 vagas, comércio (280) e serviços (157).
Dois anos depois, com o pico das obras da empresa, o saldo de contratações e demissões foi de 1.843, puxado principalmente pela construção civil, lembra a economista Suelen Glinski Rodrigues dos Santos, do Observatório do Trabalho, da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Do total de 3,9 mil admitidos naquele ano, 2,8 mil vieram da construção civil.
INDÚSTRIA – Com o início da produção, a construção civil deu lugar aos empregos na indústria de transformação. Do saldo de 779 vagas no ano, 665 foi resultado da indústria, com destaque para a área de montagem de instalações industriais e estruturas metálicas. A região de Ortigueira e de Telêmaco Borba foi a terceira maior geradora de empregos em 2015 no Paraná.
As mudanças também significaram melhora de salários. Em 2012, a maioria dos trabalhadores formais recebia entre 0,5 e 1 salário mínimo. Em 2015, a maior faixa estava entre 1,5 e 2 salários.