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Faturamento de empresas de Ponta Grossa cai 64% durante pandemia

Muito se vem falando sobre a crise econômica gerada pelas medidas de isolamento e restrição de aglomerações como forma de combate à pandemia da covid-19, mas quais os dados concretos desta retração? Para responder esta pergunta, o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG) elaborou uma pesquisa feita junto a empresários da cidade que aponta, entre outras informações, o impacto na receita de estabelecimentos de diversos segmentos – e, na média geral, o faturamento das empresas ponta-grossenses caiu 64%.

Mais de a metade dos negócios afirmaram que perderam de 61% a 100% da sua receita: enquanto que 30,2% tiveram uma queda de até 80%, 23,1% responderam que não tiveram nenhuma entrada financeira durante o período de pandemia.

Quanto menor o porte da empresa, maiores foram suas perdas. Enquanto entre os microempreendedores individuais (MEIs) 63% apontaram ter quedas que variam de 61% a 100%, apenas 9% mantiveram suas receitas e 3% elevaram. No caso das microempresas (MEs), as perdas entre 61% e 100% alcançaram 57% dos negócios e somente 4% afirmaram manter ou elevar seu faturamento. Entre as empresas de pequeno porte (EPPs), a maior parcela (35%) teve baixa de até 80% e 15% zeraram suas entradas financeiras, enquanto que 5% ficaram com os mesmos índices ou os aumentaram.

A mudança de comportamento das finanças é nítida quando se passa a considerar os estabelecimentos maiores. Entre os negócios de médio porte, a maioria (37%) afirmou que registrou uma queda de até 20% no faturamento e 11% disseram manter a sua receita; porém, nenhuma disse ter aumentado seus ganhos. Nas grandes, nenhuma teve furos superiores a 60%, mas também nenhuma disse ter elevado a sua receita. A quantidade de empresas que teve o mesmo faturamento é igual à quantidade que registrou uma queda de até 40% – cada caso foi registrado em um terço do total de respostas.

Segmentos

Considerando as áreas das empresas, o artesanato e o agronegócio foram os segmentos menos afetados, mantendo 100% e 67%, respectivamente, dos seus estabelecimentos com igual ou superior faturamento. Transporte de cargas, academias e comunicação, também foram áreas que tiveram certa preservação da receita de seus estabelecimentos. Na contramão, com 80% ou mais de queda do seu faturamento, encontram-se todos os estabelecimentos da área de Eventos e de Turismo/Hotelaria/Atrativos. Soma-se a essas, as áreas de Beleza/Estética, Gastronomia/Bares/Restaurantes, Comércio Varejista e Imobiliária, as quais tiveram mais de 60% dos seus estabelecimentos com queda acentuada da receita.

Na média, a área de Eventos perdeu 98% do seu faturamento, seguido do Turismo/Hotelaria/Atrativos (89%), Transportes de Pessoas (78%), Beleza e Estética (76%), Gastronomia/Bares/Restaurantes (75%), Comércio Varejista (73%), Imobiliária (72%) e Saúde (71%). “Portanto, essas áreas foram as mais atingidas, em termos de faturamento pelo distanciamento social”, destaca o estudo.

“Avaliamos com a coleta dos dados que as medidas de isolamento prejudicaram muito as empresas locais. É natural que com o coronavírus algumas tivessem queda no faturamento, porém não se pode confiar tudo a isso; as restrições do direito de ir e vir e de trabalhar causaram essa queda bruta e refletirão em desemprego e fechamento de negócios”, avalia Felipe Podolan, coordenador da Câmara Técnica Permanente de Comércio e Serviços do CDEPG – grupo responsável pela elaboração da pesquisa.

“O nosso papel é subsidiar ao máximo o poder público com dados técnicos, para que ele possa melhor embasar as suas decisões. Precisa-se dar condições para que a cidade retome seu funcionamento, possibilitando a circulação de pessoas e, consequentemente, de riquezas”, aponta Podolan.

 

Thais Pius possui um negócio de venda de massas frescas e construiu um espaço para eventos, mas vem enfrentando dificuldades na manutenção do faturamento (Foto: José Aldinan)

 

Entre dificuldades e oportunidades

Thais Pius é a proprietária da Belluno Massas Frescas e construiu um espaço voltado para a realização de festas e eventos na cidade. Enquanto o primeiro negócio enfrenta perdas de 705 no faturamento, o segundo nem chegou a ser inaugurado – e o investimento feito no local não tem previsão para ser retornado.

“No caso da Belluno passamos a trabalhar apenas por encomendas porque o fluxo reduziu consideravelmente; estamos rodando com apenas 30%. Até no delivery as pessoas estão segurando, pois a crise trouxe um impacto financeiro para todo mundo. Quem antes pedia comida e comia fora acaba fazendo isso menos vezes, tanto pela sua insegurança financeira quanto por ter mais tempo para cozinhar”, destaca ela. “No caso do Espaço Bird, tínhamos a inauguração prevista para o final de março, mas cancelamos todos os eventos agendados para o primeiro semestre”, conta Thais.

Com as dificuldades enfrentadas pelas atual situação, outros segmentos também tiveram que se adaptar – e, em Ponta Grossa, um dos que vem conseguindo driblar a crise é o de artesanato. De acordo com a pesquisa 100% dos artesãos responderam que mantiveram sua receita. A coordenadora do Núcleo de Artesão de Ponta Grossa (NAPG) da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG), Adriana Durau, confirma que os trabalhadores têm conseguido manter a sua renda.

“O fato de as pessoas ficarem mais em casa faz com que elas se voltem mais para a decoração e renovação de peças, e por isso continuaram buscando produtos artesanais. Tivemos também uma alta demanda na costura, para a produção de máscaras, e de equipamentos de proteção individual, trabalhando com acetato. Além disso, há a questão de presentes e a proximidade do dia das mães; com as pessoas repensando opções, o artesanato tem sido bastante procurado”, ressalta a representante do segmento. “Estamos vendo com muito positivismo a questão da adequação de acordo com a demanda, pois isso também inclui a criação de parcerias, que a gente tanto preza”, conclui Adriana.

Adriana Durau, coordenadora do Núcleo de Artesãos de PG, conta que o segmento adaptou a sua produção e vem mantendo sua renda (Foto: José Aldinan)

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