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Fake News são vilãs da comunicação de qualidade

*Por João Filho, Daniely Neiverth e Marina Machado

 

Quem nunca recebeu um link de notícia via grupo de whatsapp ou pelo Facebook e, tempos depois, descobriu que a notícia era falsa? Estamos falando das Fake News, termo de origem inglesa que dá nome às notícias falsas, cada vez mais populares no ambiente virtual.

O surgimento do que entendemos hoje como Fake News tem divergências históricas, porém é consenso que o ambiente virtual facilitou a propagação destas notícias. Segundo Luciane Navarro, jornalista e estudiosa da área, “no campo da política, a Fake News se multiplica e viraliza muito rapidamente, inclusive pelo avanço dos pensamentos de extrema direita”.

O principal problema é a falta de costume das pessoas, em geral, procurarem saber a veracidade das informações que consomem e compartilham. Trata-se da habitual prática de compartilhar informações sem qualquer checagem ou até mesmo leitura. E deriva, também, da afinidade do leitor com o tema. Ou seja, a pessoa compartilha só pelo fato de ser um assunto que ela já defende. “As notícias falsas vão ao encontro da onda do sentimento humano. Se eu gosto daquilo, vou compartilhar”, explica Luciane.

Silmara Aparecida Santos é empresária e trabalha no ramo de empréstimos consignados em Ponta Grossa há quatro anos. Como o volume de clientes é grande, a empresa otimiza o atendimento por meio de telefone, e-mail e redes sociais. “Sempre passo meus contatos pessoais a eles, para mostrar que estou sempre disposta a atendê-los”, conta.

Recentemente, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) inativo foi liberado e junto com ele, golpes e fraudes inundaram telefones via aplicativos ou mensagens de texto. Um destes golpes com notícias falsas afetou a vida pessoal e profissional de Silmara. “Eu recebi uma mensagem de texto alegando que se o nome da pessoa estivesse em uma lista, ela receberia o valor anunciado, do FGTS”, comenta.

Silmara enviou várias mensagens para seus clientes. A mensagem enviada era um vírus que reduzia funções dos celulares ou computadores que o acessassem, podendo levar até a perda total do aparelho. “Logo que cliquei na mensagem e percebi que era uma espécie de vírus, já tinha enviado para muitos contatos, incluindo clientes”, explica.

Impactos

Depois do ocorrido, a empresária enviou outra mensagem se desculpando e esclarecendo o caso, mas o constrangimento pessoal sofrido e os danos até mesmo para a credibilidade da empresa já tinham acontecido. “Hoje em dia eu tenho muito cuidado com o que me enviam e estou disponível para ajudar meus clientes com informações duvidosas que são induzidas a eles”, relata Silmara.

Golpe através de notícia falsa comprometeu a vida pessoal e profissional de Silmara Aparecida Santos. (Crédito: Daniely Neiverth)

 

Aspectos legais: quais providências podem ser tomadas

Laércio Wosgrau é advogado com 10 anos de atuação. Ele explica que, em casos de Fake News, quem se sentir lesado pode recorrer à Justiça. “No Código Civil, Artigo 186, consta que se afetada a sua moral e causar prejuízos de ordem financeira, o chamado dano material, o prejudicado pode ter o ressarcimento necessário”, explica.

O Código de Defesa do Consumidor (CDC), também inclui o amparo da proteção a quem foi afetado pela publicidade falsa, relacionada à publicidade enganosa. O Art. 37 do CDC afirma que “é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”.

É importante lembrar que, para toda ação judicial as provas são essenciais. “Nenhum processo pode ser ajuizado sem as provas em mãos”, finaliza Laércio.

 

Quem ganha com as Fake News?

Algumas pessoas pensam que as Fake News surgem, somente, para prejudicar alguém especificamente ou como parte de um humor um tanto quanto antiético. Entretanto há um mercado extremamente lucrativo que movimenta a produção destas notícias. “Normalmente, os sites especializados em Fake News trabalham com o AdSense do Google”, afirma Luciane Navarro.

Funciona da seguinte maneira: donos de websites inscrevem-se para que possam veicular anúncios em seus sites. Moderada pelo Google a exibição de tais anúncios tem como objetivo gerar lucro, que é contato a partir do número de acessos ao site e a publicações específicas. A lógica é simples: quanto mais cliques, mais dinheiro. E para conseguir tais cliques vale tudo. É exatamente aí que veicular Fake News torna-se extremamente lucrativo, pois aumenta o número de acessos. Trata-se de uma engrenagem rentável que não tem compromisso algum com a informação.

 

Parceria: combate à propagação de notícias falsas

No último dia 26 de outubro, o Google fez uma parceria com a InternationalFact-Checking Network (IFCN) que busca combater a propagação das Fake News nos resultados de pesquisa. “Com tanta informação disponível o tempo todo e em qualquer tipo de dispositivo, o poder de rapidamente distinguir o que é verdade do que é falso na web é cada vez mais importante”, publicou o Google em seu blog oficial. O resultado desta parceria é que o usuário saiba com maior clareza, no momento da busca, o que é Fake News e o que é notícia verdadeira.

Ações coordenadas por agências como Snopes, PolitiFacts e First Draft também lutam contra as notícias falsas, porém, em paralelo a estas ações e às do Google, é importante que as pessoas tenham mais consciência ao consumir e compartilhar informação. Para a jornalista Luciane Navarro, a solução para o saneamento das Fake News está ligado diretamente às pessoas serem educadas para o consumo de mídia, buscando informações em veículos de credibilidade. “A partir do momento em que a população está despreparada para aprender a como ler mídia, isso passa a ser uma preocupação também com a alfabetização digital que o Brasil tem”, finaliza Luciane.

Fake News precisam ser combatidas com educação midiática e checagem de informações. (Crédito: Marina Machado)

*Reportagem produzida pelos alunos de Jornalismo da Secal: João Filho, Daniely Neiverth e Marina Machado, através de parceria com o DC.

 

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