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Entidades médicas defendem banir kit covid

Oitenta e uma entidades médicas e científicas brasileiras divulgaram ontem documento em que alertam sobre a gravidade da situação da pandemia de covid-19 no País e defendem, entre outras medidas, o banimento da prescrição e uso dos medicamentos do chamado “kit covid”, que inclui drogas sem eficácia contra a doença, como hidroxicloroquina e ivermectina, mas que segue sendo indicado por alguns médicos e defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Em boletim do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19, grupo liderado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e que reúne diversas sociedades científicas e associações médicas do País, as entidades alertam para a falta de estrutura, insumos e profissionais neste momento da pandemia e ressaltam que as fake news “desorientam os pacientes”. Reafirmam ainda que não existe tratamento precoce comprovado contra a doença.

“Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou avançadas da doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, diz o texto assinado por 54 sociedades científicas e 27 associações estaduais.

Fase inicial

O documento ressalta ainda o risco do uso indevido dos corticoides e anticoagulantes na fase inicial da doença. Os dois tipos de medicamentos podem ajudar no tratamento da fase mais grave da covid, em pacientes hospitalizados. No início dos sintomas, podem levar ao agravamento do quadro.

“Aos médicos, reafirmamos que o uso de corticoides e anticoagulantes devem ser reservados exclusivamente a pacientes hospitalizados e que precisem de oxigênio suplementar”, destacam as entidades.

Elas recomendam que os pacientes não se automediquem, em especial com corticoides, como dexametasona e predinisona. “Estes fármacos utilizados fora do período correto, especialmente no início, podem piorar a evolução da doença”.

Presidente da AMB, César Eduardo Fernandes reafirma que os melhores estudos sobre o tema, “feitos com metodologia adequada”, não mostraram eficácia. “Em casos raros, podem levar a efeitos colaterais graves”, disse ao Estadão. “A autonomia do médico não confere a ele direito de receitar medicações que não têm comprovação. Muitos fazem isso por acreditar na sua experiência. É uma visão muito equivocada.”

A autonomia médica é o principal argumento do Conselho Federal de Medicina (CFM) para permitir a prescrição desses remédios. Mas o Código de Ética Médica prevê que é vedado ao médico “causar dano ao paciente, por ação ou omissão”. Procurado se vai mudar a orientação, o CFM disse que “se manifestará oportunamente”.

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