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Entenda a teoria da conspiração por trás da exclusão do terceiro dígito

Desde sábado postos de combustíveis não devem mais exibir o terceiro dígito após a vírgula

Bombas agora só podem mostrar terceiro dígito dos centavos se estiver travada no zero / Foto: Divulgação

A partir deste sábado (7) todos os postos de combustíveis do Brasil deixaram de exibir três dígitos após a vírgula, ao divulgarem os preços. Painéis devem apresentar, somente, duas casas decimais após a vírgula. As bombas de abastecimento poderão mostrar o terceiro dígito, desde que esteja fixado em zero. Oficialmente, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), isso ocorre para facilitar a leitura dos preços pelo consumidor final. Mas, há quem suspeite que a alteração é uma manobra que prevê dias economicamente ainda mais difíceis para o brasileiro. Entenda teoria da conspiração por trás dos displays de postos e a retirada do terceiro dígito dos centavos.

O polêmico terceiro dígito

O assunto parece novo, mas a questão dos três dígitos após a vírgula em postos de combustíveis é antiga. Conforme detalhado em análise de 2015 feita pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas do Senado Federal (leia aqui na íntegra, é bem interessante), a definição de preços com três casas decimais após a vírgula “permite maior precisão e imprime eficiência a uma economia de mercado, constituindo prática comum em vários mercados organizados”. Essa foi, também, a análise feita por especialista que determinaram, a partir da segunda metade da década de 1990, após estabilização monetária, a exibição de preços em milésimos de reais.

As décadas passaram

Ao longo de mais de duas décadas, o uso do terceiro dígito não pareceu incomodar o consumidor final. No entanto, nos bastidores, o tema vinha sendo discutido e órgãos de defesa do consumidor já haviam pleiteado a retirada do número que não fazia muito sentido para a maioria das pessoas, estaria confundindo o motorista e dificultava a memorização dos preços. A mudança, porém, foi evitada porque o terceiro decimal se referia à forma como os postos repassavam o valor pago às distribuidoras.

Lei estadual inócua

Em 2016, o então governador do Paraná, Beto Richa, sancionou lei que determinou que os postos de combustíveis informassem somente duas casas decimais, e não mais três após a vírgula, como acontecia. Na ocasião, o Sindicombustíveis-PR informou ser contrário à lei. Processos judiciais suspenderam sanções administrativas, principalmente por que a Resolução 43/2013 da ANP era clara em exigir o uso do terceiro dígito.

A Resolução

A Resolução 43/2013, portanto, determinava que “os preços por litro de todos os combustíveis comercializados deverão ser expressos com 3 (três) casas decimais no painel de preços e nas bombas medidoras”. Mas também já previa que, “na compra feita pelo consumidor, o valor total a ser pago resultará da multiplicação do preço por litro de combustível pelo volume total de litros adquiridos, considerando-se apenas 2 (duas) casas decimais, desprezando-se as demais”.

A teoria da conspiração

No final das contas, para a maioria da população, a terceira casa decimal já não fazia diferença. Então, o que mudou nos últimos dois anos, que levou a ANP a publicar nova Resolução (858/2021), partindo dela mesma a mudança da resolução anterior? A teoria da conspiração surgiu, é claro, na internet. Alguns consumidores notaram que o display das bombas de combustíveis, em geral, só possuem espaço para quatro números. E o ano 2021 coincide com o início de uma escalada no preço dos combustíveis. A teoria é que a mudança ocorre porque, se o preço da gasolina chegar a R$ 10 o litro, o display não terá dígitos suficientes para registrar a diferença dos centavos.

Custo com equipamentos

Supondo que a gasolina chegasse ao preço, por exemplo, de R$ 10,578 (considerando os três dígitos no centavo), as bombas teriam que exibir R$ 10,57, já omitindo a terceira casa decimal após a vírgula. Isso acarretaria desrespeito ao que determinava a Resolução 43/2013 e protesto dos consumidores. Então, ou todos os postos teriam que substituir os displays por outros que oferecessem um dígito a mais (e os empresários arcariam com custos para ajustar a tecnologia), ou a ANP precisaria rever a resolução o quanto antes.

Humor do chargista Luiz Fernando Cazo, publicado no Jornal do Povo

Meme da internet

Como toda a teoria da conspiração, essa parece impossível de provar. Não há menção oficial a esse respeito, no trâmite que envolve a nova resolução. Consultada pela reportagem do portal dcmais, a assessoria de imprensa do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Derivados de Petróleo, Gas Natural, Bio Combustíveis e Lojas de Conveniência do Estado do Paraná (Paranapetro), informou que essa suposição envolvendo gasolina a R$ 10 parece mais um meme da internet, e que não há nenhuma informação nesse sentido.

Imprensa

Apesar disso, o tema foi notado e o assunto abordado até mesmo por veículos da imprensa especializada em automóveis. Reportagem do Auto Esporte publicada no ano passado já destacava no título: “ANP muda regra e postos não precisarão trocar bombas para mostrar litro da gasolina a R$ 10”.

Gasolina a R$ 10

Para a maior parte do Brasil, a gasolina a R$ 10 ainda não é realidade. No Paraná, pouco mais de dois reais separam os consumidores dessa dura perspectiva. Mas em março, portais de notícia nacionais mostraram que em algumas regiões do país o preço chegou a ultrapassar os R$ 10. isso teria ocorrido no Acre e em Fernando de Noronha, ilha de Pernambuco. O aumento seria reflexo da guerra entre Ucrânia e Rússia, que ainda está em curso.

Melhor compreensão

Para todos os efeitos, a retirada do terceiro dígito dos centavos é uma medida para “deixar o preço do combustível mais preciso e claro para o consumidor”, mesmo que essa dificuldade só tenha sido percebida após mais de duas décadas de uso dos centavos com três dígitos.

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