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Empreendedorismo cresce em Ponta Grossa

João Filho
Felipe Turek e Eduardo Seremeta apostam na gestão financeira para vencer a crise econômica nacional

 

 

Seja por uma demissão inesperada, por um sonho antigo ou por perfil pessoal, empreender é a realidade de vida de vários brasileiros. Engana-se quem pensa que os tempos de crise impedem que novos empreendedores apostem tudo em um novo negócio. Em tempos complicados economicamente, a palavra da vez é “reinvenção”!

Ponta Grossa demonstra crescimento empreendedor significativo. Segundo o Portal Empresômetro, projeto criado em 2006 pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), em um comparativo entre os anos de 2015 e 2017, Ponta Grossa passou de 36.851 empresas ativas para 41.149. Isso faz com que a cidade esteja em 4° lugar no ranking estadual, ficando atrás, somente, de Curitiba, Londrina e Maringá.

Os números demonstram um crescimento significativo no empreendedorismo regional, mesmo em períodos de instabilidade econômica. Jorge Ávila, bacharel em Administração e especialista em Gestão de negócios, acredita que períodos de crise geram desempregos formais, com carteira assinada e salário fixo no fim do mês, porém esta realidade não está ligada, necessariamente, com falta de trabalho. Cabe a famosa frase que afirma que “na crise enquanto alguns choram, outros vendem lenço”. “É justamente por aí. O empreendedorismo está em vender lenço na crise e fazer renda com o choro daqueles que não tem o olhar diferenciado sobre as situações de mercado”, afirma.

Necessidade de renda

Em meio à crise econômica, Dimitra Nicoly Lemos Mendes, 32, se viu em uma situação extremamente complicada, pois ela e seu esposo estavam em dificuldade financeira e precisavam manter seus quatro filhos. Foi aí que Dimitra decidiu empreender e abriu um bazar. O empreendimento iniciou com vendas através das redes sociais e hoje tem um local físico para a comercialização dos produtos.

A preocupação de Dimitra foi aliar preço baixo com qualidade, por isso, “o primeiro passo foi comprar produtos bons, porém em lotes, para que pudessem ter um preço mais acessível”, lembra.

Segundo ela, a principal dificuldade até agora, se relaciona com a compra de roupas, pois existem lotes que chegam com roupas completamente destruídas, porém, às vezes, elas vêm como novas.

Verlaine Lia Costa, bacharel em administração, especialista em gestão industrial e consultora, afirma que existem duas formas de empreender: por oportunidade e por necessidade. O bazar de Dimitra é um bom exemplo de empreendedorismo por necessidade “o que não inviabiliza o negócio. Precisamos ter condições mínimas para tanto. Entender o seu negócio e o mercado é fundamental para buscar alcançar qualquer objetivo”, explica Verlaine.

 

Oportunidade de negócio

Diferente de Dimitra, Manoel Henrique Galvão Antunes, técnico em enfermagem, com quatro anos de experiência na área, percebeu nos hospitais uma oportunidade de empreender. Há sete meses decidiu abrir uma empresa de locação de cadeira de rodas e de banho, muletas, botas ortopédicas e andadores.

Ele conta que seu negócio consegue atender não somente aos que estão em processo de recuperação, mas também profissionais da área, que precisam de equipamentos esporadicamente. “O custo do equipamento era muito alto para pouco tempo de reabilitação, portanto, resolvemos alugá-los e disponibilizar em clínicas e hospitais”, conta Manoel.

Aliar o conhecimento técnico às oportunidades de negócio é uma estratégia correta. Jorge Ávila afirma que “o que fazemos nas empresas enquanto empregados, podemos fazer não só lá, mas em outras, na condição de prestador de serviços, ou até mesmo, dependendo do serviço, abrindo o leque não só para empresas, mas também para as pessoas de maneira geral”.

 

 

Empreendedorismo como estilo de vida

Felipe Turek e Eduardo Seremeta fazem parte daqueles que têm empreendedorismo como estilo de vida. Hoje eles são sócios na em um e-commerce de materiais sanitários, com sede em Ponta Grossa e que iniciou suas atividades em outubro de 2014. Ambos tiveram vivência anterior em indústrias multinacionais e foi na última experiência de trabalho com carteira assinada que descobriram a afinidade de estilo de vida e decidiram empreender. “A minha vontade de empreender acabava sendo suprimida pela necessidade de trabalhar, porém quando vim trabalhar em Ponta Grossa, refleti sobre o que realmente queria para minha vida e conversando com o Eduardo decidimos montar nosso negócio”, conta Felipe.

A decisão foi planejada, então houve um período de oito meses em que eles fizeram um estudo de mercado, para identificar lacunas não supridas pelos negócios já existentes. A partir daí decidiram empreender no ramo de metais sanitários e levaram a dupla jornada de trabalho com carteira assinada e novo empreendimento por 12 meses. “Nós deixamos toda a parte burocrática e de teste de mercado enquanto estávamos em um ambiente seguro e decidimos deixar o emprego com carteira assinada quando vimos que o nosso negócio seria capaz de nos manter”, relata Eduardo Seremeta.

Apesar de pesquisarem sobre o mercado em que iriam empreender e contarem com auxílio do SEBRAE, via SEBRAETEC nos períodos iniciais, os sócios contam que burocracia e a insegurança jurídica tributária ainda são um problema para eles. “Além da carga tributária elevada, ela não é clara para todo mundo. A burocracia e a falta de acesso às informações corretas sobre este sistema todo dificultam muito”, afirma Felipe Turek.

 

A crise como oportunidade

Empreender na crise pode ser sinônimo de oportunidade, para negócios bem estruturados. É essencial estar atento ao mercado, assim como Felipe e Eduardo, para entender quais são as oportunidades para novos negócios, ou negócios antigos que recuam diante da instabilidade econômica. “Com a crise, empresários que tenham perfil conservador normalmente recuam, abrindo assim possibilidade de crescimento de empresas que tenham um modelo de negócios inovadores, que apostem em diferenciais de mercado, e, que estreitem o relacionamento com os clientes”, afirma Verlaine Costa.

Jorge Ávila comenta que o maior risco em empreender, na crise ou não, é a falta de planejamento. Segundo ele é importante estar ciente dos investimentos necessários e manter uma visão realista sobre o negócio. “Tendo os pés no chão e conhecimento daquilo que se está querendo empreender, os riscos são praticamente anulados e os custos iniciais passam a ser observados sob a ótica de investimento do negócio, e não do custo pelo custo”, explica.

Para os que desejam iniciar um novo negócio, Verlaine diz que existem oito dicas que aumentarão as chances de sucesso. “Tenha um propósito bem definido, faça um bom plano de negócios, estude o mercado, aprenda a aprender, inove, pense no seu cliente, enfrente os riscos e cerque-se de bons profissionais”, finaliza Verlaine.

 

*O curso de Jornalismo da Faculdade Secal e o Diário dos Campos mantêm uma parceria, com a publicação de matérias produzidas por acadêmicos do curso. O material desta edição é assinado por João Filho, Daniely Neiverth e Marina Machado

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