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Diante do congelamento de recursos, UEL anuncia calote

Até, pelo menos, janeiro do ano que vem, universidade deixará de pagar despesas básicas, por falta de verba. Do orçamento anual de R$ 26,6 milhões, governo do Estado liberou, até agora, apenas, R$ 11,9 milhões

Em carta pública divulgada ontem, o Conselho de Administração (CA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) anunciou um calote nas próprias despesas até, pelo menos, janeiro do ano que vem.

Até o fim de dezembro, a UEL afirma não ter dinheiro para pagar as contas de água, de energia, de telefone, da manutenção de veículos e equipamentos e de aluguéis dos prédios ocupados fora do campus.

O governo do Paraná só admite fazer tais pagamentos se a UEL utilizar os próprios recursos arrecadados, como aqueles obtidos com as taxas do vestibular e das mensalidades de cursos de especialização.

Diante do congelamento de, pelo menos, 30% dos recursos necessários para fazer funcionar a maior universidade estadual do Paraná – são quase 25 mil alunos, professores e funcionários – o CA aponta no comunicado que a falta de dinheiro pode causar “consequências e transtornos no funcionamento normal da universidade”. O receio geral de professores e de funcionários é de que os cortes atinjam o pagamento do 13º salário e de adicionais de férias de fim de ano.

A direção da UEL diz que tenta reverter o esvaziamento dos caixas em diálogo direto com o governo do Paraná – as viagens da reitora Berenice Jordão à capital, para tratar do tema junto à Secretaria de Estado de Ensino, Ciência e Tecnologia (Seti), têm sido constantes. Para o CA, revelar publicamente o caos financeiro é uma questão de “transparência que se faz necessária”.

De acordo com o conselho, as restrições impõem à universidade “prejuízo nas atividades acadêmicas e operacionais rotineiras”. No documento, revela ainda que a instituição recebeu, até outubro, menos de um terço do total de recursos para pagar despesas básicas. A falta de dinheiro traz dúvidas sobre os rumos dos serviços prestados à sociedade.

Orçamento

Neste ano, o orçamento para a manutenção da UEL é de R$ 26,6 milhões. Até agora, no entanto, o governo do Estado aprovou somente R$ 16,4 milhões e depositou nas contas menos ainda: R$ 11,9 milhões. “A crise se instalou de vez. Chegamos ao limite”, lamenta o presidente do Sindicato dos Professores da UEL (Sindiprol), Nilson Magagnin.

Segundo ele, a nota pública do CA reflete o sentimento geral da universidade. “O conselho se reuniu para avaliar os cortes do governo e a decisão mais acertada foi revelar publicamente o que está acontecendo.” Os cortes de fim de ano sempre são esperados, mas, desta vez, acrescenta ele, “piorou muito”.

A UEL tem 1,7 mil professores e 3.840 funcionários. ?”ão me lembro de, anteriormente, termos chegado a este ponto. As restrições já prejudicam as atividades acadêmicas”, diz Magagnin.

O JL entrou em contato com a Secretaria de Estado Ciência, Tecnologia e Ensino (Seti), responsável pelas universidades paranaenses. No entanto, ninguém foi encontrado para falar sobre o assunto.

Contatado pelo celular, o secretário da pasta, João Carlos Gomes, também não atendeu ao jornal.

Vetada verba para viagens e congressos

Nos últimos três meses, o governo do Paraná reafirmou cortes sucessivos nos gastos das instituições de ensino superior e impôs restrições que praticamente acabaram com a possibilidade de professores e de alunos da Universidade Estadual de Londrina (UEL) viajarem para congressos científicos e eventos.

Dez dias atrás, a Prefeitura do Campus enviou e-mails à comunidade acadêmica informando que as restrições para a Divisão de Transportes levaram à suspensão de quase todos os deslocamentos motorizados. Sem dinheiro para combustível, alimentação e diárias de motoristas que viajavam acompanhando alunos e professores em pesquisas, a UEL decidiu manter apenas os deslocamentos relacionados ao Hospital Universitário (HU), à coleta de lixo e às rondas das equipes de segurança.

As restrições orçamentárias fragilizam cada vez mais a instituição, afirma o presidente da Associação dos Servidores da UEL (Assuel), Marcelo Seabra. O comunicado público do Conselho de Administração (CA), na avaliação dele, explicitou a realidade e “jogou luz” sobre a enxurrada de informações relacionadas ao congelamento de recursos e impedimento de atividades.

Segundo Seabra, o temor é de que a UEL, no ano que vem, comece a improvisar mais ainda e sacrifique arrecadações de taxas e de mensalidades de cursos de especialização para pagar despesas de rotina. “Já não se faz pesquisa de campo como antes. A que pontos chegamos. É nítido que o desânimo é geral”, lamenta. “O clima é de apreensão porque há muita incerteza. Não sabemos como será 2015. A única certeza é que será ruim.” (MF)

O que está garantido

Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), apenas as despesas relacionadas diretamente ao pagamento de bolsa-auxílio a estudantes; de bolsa de ensino em extensão, pesquisa e pré-vestibular; de bolsas indígena e para estagiário; e de auxílios para transporte, alimentação e serviço funerário estão regulares e não foram afetados pelas medidas de contenção do governo do Paraná, informaram fontes consultadas pela reportagem.

Para os meses de outubro, novembro e dezembro, o governo do Paraná autorizou R$ 570 mil adicionais para os pagamentos relacionados aos programas de menor aprendiz, às publicações de atos legais em jornais, à manutenção de softwares, às indenizações, aos Correios e à destinação de resíduos da UEL.

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