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Crise de ansiedade afeta alunos e transforma colégio em ‘cenário de guerra’

Imagem: Reprodução

Estudantes de uma escola estadual em Recife, Pernambuco, foram socorridos pelo SAMU durante uma crise coletiva de ansiedade. O episódio aconteceu na última sexta-feira (8) e transformou o pátio da Escola Ageu Magalhães em um ‘cenário de guerra’.

Vários estudantes ficaram caídos no chão, alguns desorientados. Mais de uma dezena de socorristas prestaram atendimento aos jovens. Diversas ambulâncias da capital pernambucana foram acionadas. Cerca de 30 alunos tinham sintomas como falta de ar, tremor e crise de choro simultaneamente.

Eles não precisaram de encaminhamento hospitalar. À imprensa, a secretaria estadual informou que a escola realiza um trabalho voltado à saúde psicológica dos estudantes.

Ansiedade é cada vez mais comum

O episódio chamou a atenção para o fenômeno, cada vez mais comum. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país com o maior índice de incidência de crise de ansiedade, com 9,3% da população.

Segundo o psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, Raphael Boechat, a crise de ansiedade não é necessariamente sinônimo de doenças. O episódio é um mecanismo de defesa utilizado pelas pessoas diante de algum perigo iminente.

A reação pode acontecer em decorrência de um perigo real, como a presença de um agressor ou uma situação de estresse, ou de uma preocupação com riscos imaginários, como o medo de um ataque.

Evolução para doença

Contudo, a síndrome de ansiedade pode evoluir para uma doença. Isso ocorre, explica Boechat, quando essas situações passam a ser frequentes e ter sua intensidade aumentada. Outro sintoma de que o quadro evoluiu para uma situação mais grave é a ocorrência de crises sem um motivo desencadeador.

Segundo o psiquiatra, as causas desse tipo de síndrome são diversas. “Elas incluem estresse do ambiente, privação de sono e uso de substâncias estimulantes como cafeína, energéticos, bebidas alcóolicas, drogas ilícitas como cocaína”, afirma o profissional.

Segundo o professor da UnB, também podem existir motivos de natureza genética. “Um aspecto muito importante é a questão ambiental. O estresse dos tempos modernos influencia no surgimento de diferentes tipos de ansiedade”, acrescenta.

Tratamentos

Eventuais tratamentos dependem do tipo de ansiedade de cada pessoa. Raphael Boechat argumenta que, em casos isolados, pode não haver necessidade. Contudo, se os episódios ganham uma frequência, é importante buscar ajuda profissional.

De acordo com o psiquiatra, existem diferentes tipos de tratamentos, de naturezas psicoterápicas, farmacológicas ou de alteração de estilo de vida. Ele alerta que embora haja no senso comum uma associação a remédios fortes para esses casos, esse não é o único caminho.

“Um bom tratamento não envolve esses produtos, na maioria dos casos. Mas deve ser tratado, porque se não houver tratamento o caso começa a se agravar, a pessoa pode evitar convívio social e pode desenvolver quadros depressivos”, destaca.

Recife

Quanto ao caso dos alunos da escola no Recife, Boechat observa que não há nos documentos internacionais de psiquiatria a previsão de diagnóstico de ansiedade coletiva, e que esse tipo de episódio é muito raro.

“Temos que ponderar que estamos tratando de jovens e eles são muito influenciados por outros. Possivelmente havia fator de estresse, isso gerou ansiedade em alguns e pode ter contaminado outros. Isso é mais provável”, ressalta o psiquiatra.

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