China e Brexit impactam em queda nas exportações locais

Seguindo a tendência brasileira e a estadual, a região dos Campos Gerais registrou baixa nas relações comerciais com outros países no último mês. Das 23 cidades que compõem a região dezoito possuem registros de transações internacionais no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e, juntas, somaram US$ 87,82 milhões em saldo da balança comercial. Esse valor equivale a pouco mais de um terço do registrado no mesmo mês do ano passado, quando os municípios somavam US$ 254,46 milhões em vendas.

Comparado ao total do país e do Paraná o resultado é um pouco melhor por ser um número positivo, o que significa que foram feitas mais vendas do que compras. Em contrapartida enquanto o Brasil registrou uma balança comercial de US$ -1,73 bilhão, o estado fechou janeiro com US$ -112,51 milhões. Entre as dezoito cidades dos campos Gerais, apenas quatro tiveram saldos negativos: Arapoti, Carambeí, Palmeira e São João do Triunfo.

Entretanto, quando consideradas apenas as exportações o desempenho regional é pior do que o macroeconômico. Os municípios próximos a Ponta Grossa venderam US$ 137,19 milhões a outros países, 42,5% a menos do que em janeiro de 2019 – variação superior ao dobro da verificada no Paraná (-17,21%) e no Brasil (-19,8%).

Nas importações as diferenças foram menores. Com a compra de US$ 52,79 milhões, a região gastou apenas 2,3% a mais do que no mesmo período do ano passado – variação menor do que a da inflação oficial de 2019, que foi 4,31%. Por sua vez, no estado a variação foi de 11,16% e no total brasileiro -1,3%.

Ponta Grossa

Em Ponta Grossa a queda do saldo da balança comercial foi ainda maior: enquanto em janeiro de 2019 se acumulavam US$ 75,71 milhões, em 2020 o número baixou para US$ 2,02 milhões. Enquanto que as exportações somaram apenas US$ 40,51 milhões (-64,7%), as importações fecharam o mês em US$ 38,49 milhões (-2%).

No primeiro mês do ano passado o principal comprador da cidade era o Reino Unido, responsável por 22% do total de exportações, seguido da China, que com 18% de participação injetou US$ 21,18 milhões no município.

Em 2020, após acontecimentos como as mudanças no acordo comercial entre China e Estados Unidos (que impactou na venda de soja brasileira), epidemia do novo Coronavírus no país asiático e o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), o cenário foi diferente. O Japão foi o maior comprador de produtos ponta-grossenses, com US$ 4,6 milhões (24%), enquanto que a China retraiu 94,2%, somando apenas US$ 1,24 milhão.

“O caso mais grave é a questão da China, o principal destino das exportações agrícolas da região, que está resolvendo a questão da guerra comercial com os Estados Unidos. Uma das cláusulas é de que o país asiático deve comprar uma cota fixa de produtos agrícolas dos EUA, o que diminui as nossas vendas para eles”, exemplifica o professor doutor em Desenvolvimento Econômico, Alex Sander Souza do Carmo, lembrando também da crise econômica da Argentina e do Brexit.

“Vários motivos impactam nessas relações, e é cedo para precisar qual é o mais importante. Mas para esse ano as previsões são de um decréscimo na economia mundial devido a fatores como conflitos em alguns países e a saída do Reino Unido da União Europeia, que causam certa instabilidade no mercado”, avalia o especialista.

Balança comercial de janeiro

*Os dados são aproximados e do MDIC, que não aponta números das cidades de Tibagi, Porto Amazonas, Guamiranga, Imbaú e Ivaí