Com objetivo de acabar com as festas ‘clandestinas’ durante a pandemia do novo coronavírus, o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel (PSDB), adiantou na manhã desta segunda-feira (15), durante programa de rádio do qual participa, que Ponta Grossa terá toque de recolher. "Está decretado o toque de recolher. Não vai ter festa na sexta-feira, não vai ter festa no sábado e não vai ter festa no domingo", afirmou Rangel, após participação do deputado federal e secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex.
Ao participar do programa direto de sua residência, por estar em isolamento social sob suspeita de ter contraído o novo coronavírus, Rangel destacou o grande número de denúncias de aglomerações e festas realizadas no final de semana. Em publicação na sua conta do Twitter, no domingo (14), o prefeito também comentou sobre o assunto. “Tivemos ontem [sábado, 13] mais 343 denúncias de festas, churrascadas, aglomerações com risco absoluto de contágio. O Disque Denúncia via Whats, é a prova inconteste de que a situação de irresponsabilidade é muito maior do que imaginávamos. Triste a realidade”, destaca.
As denúncias, segundo Rangel, foram enviadas por WhatsApp, com fotos e vídeos."Teve festa com banda e todo mundo dançando sem máscara", criticou Rangel. Segundo ele, "houve até uma briga generalizada entre cerca de 40 pessoas, todas embriagadas, que estavam em uma festa".
Como será
Durante o programa, Rangel disse que as consequências dessas aglomerações virão à tona daqui duas semanas e que "o Dia nos Namorados deste ano – comemorado no dia 12 – poderá ser lembrado como ‘o Dia dos Namorados macabro’. Parece nome de filme".
Apesar do prefeito ter anunciado a implantação do toque de recolher, ainda não foram decididos detalhes de como a medida vai funcionar, o que deve ser oficializada por meio de decreto ainda nesta semana. Segundo informou a prefeitura, por meio da assessoria de comunicação, as novas medidas a serem tomadas ainda estão sendo construídas pelo Comitê de Gerenciamento de Ações Governamentais para Prevenção e Defesa contra o Vírus causador da Covid-19 e serão apresentadas nos próximos dias.
Sandro Alex, em sua participação no programa de rádio, considerou o toque de recolher "coerente". E disse que as cidades devem avançar nas ações de combate ao coronavírus e "coibir atividades clandestinas e ilegais durante as madrugadas".
Diversas cidades do Paraná já adotaram toque de recolher como medida de enfrentamento à covid-19. Em Cascavel, a Prefeitura determinou toque de recolher – junto com outras medidas – a partir das 20 horas desta segunda-feira (15). Algumas cidades da região também adotaram a medida. Em Jaguariaíva, a Prefeitura determinou a limitação da circulação das pessoas entre as 22 e 5 horas, medida que passou a vigorar ainda em abril. Medida semelhante foi adotada em Imbituva e Palmeira também.
Drásticas
"Vamos ter decisões drásticas em relação às aglomerações clandestinas", prosseguiu o prefeito, e acrescentou que "não é justo colocar uma cidade em risco por causa de festas clandestinas". Rangel sugeriu que o toque de recolher comece às 22 horas. O prefeito disse que as próximas semanas serão difíceis em todo o Paraná devido à pandemia e "Ponta Grossa não é diferente".
Nesta segunda-feira (15), o Conselho Regional de Medicina do Paraná e a Sociedade Brasileira de Infectologia emitiram alerta de que o Paraná entra em sua semana mais crítica da pandemia causada pelo coronavírus. O alerta leva em conta a curva de contaminação em alta, números de casos e mortes crescendo exponencialmente e disponibilidade de leitos de UTI se esgotando, ao mesmo tempo em que a população vem relaxando nas medidas de distanciamento.
Repercussão
As medidas mais recentes adotadas pela Prefeitura de Ponta Grossa no enfrentamento à covid-19 foram comentadas pelos vereadores durante sessão na Câmara de Vereadores nesta segunda-feira (15). Eduardo Kalinoski (SD), criticou o decreto publicado na sexta-feira (12), e que prevê que o transporte coletivo urbano funcionará apenas com passageiros sentados. “Isso mostra o desconhecimento do prefeito com o funcionamento do transporte coletivo”.
George Luiz de Oliveira (Pros) também fez duras críticas à implantação do toque de recolher. “Não precisa isso. É preciso ser prudente, conversar com as pessoas. […] Nada de toque de recolher, de mão na parece, porque as pessoas de Ponta Grossa são pessoas de bem”, ressaltou, antecipando que não vai obedecer a medida. (Com Walter Téle Menechino)