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Aumento da capacidade produtiva deve ser o foco da indústria paranaense

O ano que está se iniciando deve ser positivo para as indústrias; pelo menos é o que acreditam 79% dos empresários do ramo entrevistados pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). O número consta na 24ª Sondagem Industrial da Federação, que conversou com 50,8 mil estabelecimentos industriais de todos os portes (micro, pequena, média e grande) e de 37 segmentos, que geram 765 mil empregos no estado.

O aumento das vendas e a melhoria da conjuntura econômica são os principais fatores apontados por empresários que justificam esse otimismo. Em contrapartida, para os mais pessimistas a baixa perspectiva é consequência do que eles consideram como uma piora do cenário econômico mundial.

“2019 começou com uma expectativa político-econômica muito positiva, mas à medida em que foi transcorrendo, principalmente com a dificuldade na aprovação política de reformas, o empresário viu que a situação se tornou mais difícil nos primeiros trimestres, com a atividade econômica esperando por essas negociações”, lembrou o economista da Fiep e um dos responsáveis pelo estudo, Evânio Felippe, em entrevista ao jornal Diário dos Campos.

“No segundo semestre a reforma da previdência e a lei da liberdade econômica foram aprovadas, houve o estímulo pela demanda com a liberação de saques parciais do FGTS e também houve diminuição na taxa de juros [Selic], o que sinaliza diminuição de custos de empréstimos tanto para pessoas físicas, quanto jurídicas, tornando mais barato o investimento. Tudo isso contribuiu para uma melhora da atividade econômica”, destaca o economista.

Estratégias

As principais estratégias destacadas pelos empresários estão voltadas para a atuação no mercado. Destaca-se também a preocupação do empresário com questões ligadas ao ambiente interno da empresa. Podendo citar mais de uma estratégia para 2020, 52% apontaram o desenvolvimento de novos negócios, 42% a satisfação do cliente, 39% a incorporação de novos produtos à linha, 29% a pesquisa, desenvolvimento e inovação de produtos e processos e 26% a redução do endividamento.

Ambiente

Podendo sinalizar mais de uma alternativa, 93% dos gestores informaram que para melhorar o ambiente econômico é fundamental a aprovação da Reforma Tributária. Logo em seguida, com 88% ficou o combate à corrupção. A desburocratização e a reforma fiscal também são citadas pelos empresários como prioridades para melhorar o ambiente de negócios.

Os entrevistados demonstraram alto grau de insatisfação com relação aos pedágios do Paraná, à estrutura tributária e aos incentivos fiscais, fatores indicados como impedimentosdo desenvolvimento e da competitividade das indústrias do estado dentro e fora do país. A segurança pública foi outro ponto de atenção. É um problema sério apontado por 63% dos respondentes. Em contrapartida, 63% declararam estarem satisfeitos com seus fornecedores locais, e, 49% avaliaram de forma positiva a oferta de mão-de-obra especializada no Paraná.

 

Novos investimentos

A Sondagem aponta que 82% dos industriais pretendem investir em 2020 – percentual quase 20% maior que o de empresas que realizaram investimentos em 2019. As prioridades serão em aumento de capacidade produtiva (54%) e em máquinas e equipamentos (46%), além do desenvolvimento de produtos (42%) e melhoria de processo (34%).

“O percentual neste quesito é 20% maior do que o registrado entre as empresas que efetivamente investiram este ano. Isso é um fator positivo porque para se manter competitiva a indústria precisa retomar sua capacidade de investimentos”, explica Felippe.

Assim como em 2019, a principal fonte de financiamento do investimento para 2020 será o uso de recursos próprios (75%). Destaca-se também a intenção de uso de recursos de bancos de fomento/desenvolvimento (38%), bancos tradicionais (36%), cooperativas de crédito (25%), fundos de investimento (7%), FDICs (2%) e fintechs (2%).

“O empresário pensa no momento e tem pressa para colocar em prática seu planejamento. Como o acesso ao crédito exige uma série de processos burocráticos, garantias e tem custo mais elevado, o industrial recorre a outras fontes para garantir que o investimento seja feito no momento mais oportuno”, avalia o representante da Federação das Indústrias.

Avaliação de 2019

Na Sondagem Industrial de 2018 81% das empresas declararam uma expectativa favorável para 2019. Na Sondagem de 2019, 45% dos empresários declararam o seu desempenho como bom ou muito bom. Esse resultado indica que as elevadas expectativas não se concretizaram em termos de melhoria de ambiente de negócios.

Paralelamente, enquanto para os que avaliaram positivamente o seu desempenho o maior motivo apontado foi o aumento das vendas (77%), seguido do aumento da participação de mercado (55%) e da diminuição de custos (26%), enquanto que que os que avaliaram negativamente justificam com a diminuição das vendas (92%), o aumento de custos (54%) e o aumento da concorrência (29%).

No ano passado 63% dos industriais fizeram investimentos, principalmente em máquinas e equipamentos (45%), aumento da capacidade produtiva (40%) e desenvolvimento de produtos (38%). A quantidade de investimentos seguiu o porte empresarial: entre as grandes indústrias 80% investiram, enquanto que nas médias a parcela é de 77% e entre as micro e pequenas o porcentual cai para 53%.

Perfil industrial de Ponta Grossa

 

Conforme destaca o economista EvânioFelippe, a sondagem foi feita em todo o estado, inclusive na região dos Campos Gerais – refletindo, também, as perspectivas do cenário ponta-grossense. Segundo dados repassados por ele, a cidade possui 777 indústrias, que representam 9% do total de estabelecimentos – a fins comparativos, o comércio corresponde a 39,3%, os serviços a 39,1% e a construção civil a 7%.

Por atividade econômica, a maior parte das indústrias locais fabricam produtos de metal (122), 91 fazem manutenção, reparo e instalação de máquinas e equipamentos, 83 fabricam móveis e 79 são do ramo de produtos alimentícios.

Em 2018 havia um estoque de 16.125 pessoas trabalhando na indústria – 18% do total de vagas existentes no município, porcentagem maior do que o dobro da parcela de estabelecimentos da cidade.

 

Ponta Grossa possui 777 indústrias, que empregam mais de 16 mil pessoas (Foto: Arquivo DC)

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