Pelos próximos quatro dias, dez alunos do curso de condutor de turismo percorrerão mais de 50 quilômetros pela região do Guartelá, em Tibagi. O início da expedição foi na manhã desta segunda-feira (28), com saída no Parque Estadual do Guartelá, onde os aventureiros conheceram mais detalhes teóricos da região antes de sair a campo. A atividade faz parte da programática de 200 horas do curso que está sendo ofertado pela secretaria de turismo, como ação de implantação do passaporte único, que regulamenta a prática turística no município.
Esta é a segunda turma que está fazendo o reconhecimento da região. Às 8 horas da manhã teve início a trajetória que se encerra na próxima quinta-feira (31) às 17 horas. Durante esse período predominam as técnicas de sobrevivência, tendo de acampar em locais que serão definidos durante a aventura e ainda contando com as intempéries do tempo. “Foi uma experiência enriquecedora passar esses dias pelo Guartelá onde adquirimos muito conhecimento e principalmente aprendendo a respeitar nosso meio ambiente, visto a riqueza desta região”, relatou o gerente de Turismo, Jaime Nogueira, que participou da primeira expedição na semana passada.
De acordo com a grade do curso, os alunos estão no quinto módulo aprendendo sobre excursionismo de mínimo impacto. “Vamos observar na prática os impactos que a turma anterior deixou nos locais, embora nossa atuação seja de causar o menor impacto possível”, conta o instrutor Ronaldo Franzen da empresa Marumby Montanhismo, responsável pelo curso. “Durante a expedição ensinamos técnicas de caminhada, alimentação e hidratação, meteorologia, orientação e navegação, noções de suporte básico e primeiros socorros e liderança com habilidades para resolução de conflitos”, detalha o instrutor.
O ponto principal da expedição é proporcionar o contato direto com a natureza. “Estudamos a versatilidade da fauna e flora presentes na região. Em outras aulas discutimos sobre a geologia aliada ao turismo, e desta vez fomos a campo avistar a formação geológica do parque e dos campos ao redor. Temos sítios arqueológicos que são nosso patrimônio e devem ser preservados, por isso a importância de conhecermos pessoalmente para ajudar a preservar ainda mais”, destaca Nogueira.
Carlos Augusto Janacievicz, professor e empresário do setor turístico, há três anos trabalha na área e destacou a importância do curso. Está sendo excelente e acrescentando muitas coisas novas, além da certificação que é o mais importante, pois dá respaldo para atuar tranquilamente nos padrões oficiais e seguindo a legislação de respeito ao meio ambiente, enfatiza. O curso possibilita incutir em todos os alunos a consciência de trabalhar visando o turismo sustentável, que não é mero modismo, pelo contrário, é uma tendência que temos de ter a responsabilidade em cuidar do meio em que vivemos, sublinha.
A rotina
Alienar-se do tempo cronológico e começar a conviver com os recursos naturais é o primeiro desafio da turma que encarou a empreitada na natureza. A luz do sol é o sinal de que pelas 6 horas da manhã é horário de acordar. E pela divisão de trabalhos da equipe, dois da escala já estão de pé, pouco mais cedo, para cuidar da alimentação e com café preparado. Mas antes de começar pra valer a expedição, todos prepararam sua mochila de viagem, com saco térmico para dormir, pertences pessoais, botas, barraca e muita disposição. E ainda tiveram que fazer a divisão da comida, com nutrientes suficientes para repor as energias durante o período.
Ainda nas tarefas para a convivência na mata, além dos dois que cuidam da alimentação, outros dois membros são responsáveis pela limpeza, dois tem a missão de garantir água para o grupo, outros dois fazem a marcação do território e o líder. Durante a atividade, todos tem seguro de vida que é uma condição que exigimos para garantir uma participação mais segura, visando também despertar este cuidado quando eles trabalharem com outros grupos, reforça Jaime Nogueira.
No último dia, quando é tratado sobre o manejo de trilhas será feito também um plantio de árvores. Queremos mostrar que é possível fazer um turismo sustentável, preocupando-se em impactar o menos possível e sempre cuidando das áreas e, mais que isso, conscientizando o turista e o visitante a também preservar os espaços turísticos, pontua o instrutor Ronaldo.
O curso
As aulas tiveram início no dia 26 de março e seguem até 26 de junho sobre as mais variadas técnicas de condução de turistas. O grupo já está no quinto e último módulo, onde os alunos ficarão quatro dias em acampamento nas regiões próximas ao Parque Estadual do Guartelá. E no mês de junho, os cursistas fazem a prática de estágio que envolve cerca de 1,2 mil pessoas da comunidade sendo conduzidas pelos alunos nos pontos turísticos da cidade. É oportunidade para colocar em prática todo o conhecimento obtido durante o curso. Além de levar informação para a própria comunidade sobre a história e turismo de Tibagi, aponta Jaime.
As aulas estão muito produtivas e os alunos estão bastante focados e aproveitando essa oportunidade. Vários professores tem contribuído para deixar o curso mais rico como Edinei Bueno da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), Márcia Dropa da UEPG, Sargento Adonir Portela da Defesa Civil, técnicos da Cooptur e outros órgãos, finaliza.
Conteúdo
A capacitação abrange as competências mínimas, caminhadas de curta e longa duração dos condutores e aborda temas como atividades na natureza; lazer e aventura; competências para condutores de longo curso; turismo equestre; planejamento e gestão da segurança; mínimo impacto; equipamentos para caminhadas; modalidades e técnicas da caminhada; orientação e navegação; alimentação e hidratação; higiene; apresentação pessoal; acampamentos; meteorologia; condicionamento físico; prevenção de acidentes; liderança e resolução de conflitos; comunicação; motivação; tomada de decisão; condução de grupos e profissionalismo; compensação socioambiental.