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Agosto deve ser o mês de análise de demissões, aponta Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa

Com a redução no faturamento recorrente da queda em vendas e contratação de serviços, desde o início da pandemia metade das empresas de Ponta Grossa já demitiu algum funcionário – a média é de 4,2 empregos em maio, exatamente o dobro do número registrado na pesquisa de abril, chegando a ter estabelecimentos que demitiram até 240 empregados.

Os dados são da pesquisa feita pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico (CDEPG) em parceria com o Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas (Nerepp) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que destaca que mesmos nos estabelecimentos essenciais ocorreram demissões, bem próximo do observado no setor não essencial.

E as perspectivas não são das melhores: 63% das empresas afirmaram que pretendem demitir nos próximos meses, com uma média de seis desligamentos em cada uma. A porcentagem é um pouco menor do que a registrada em abril (70%), mas a média aumentou.

Em entrevista concedida ao vivo ao DC nesta quarta-feira (10) o membro da Câmara Técnica de Comércio e Serviços do CDEPG Henrique Plattek lembrou que agosto deve ser o mês em que mais demissões podem acontecer, caso a Medida Provisória (MP) que permite a suspensão de contratos e redução de jornadas não seja prorrogada.

“A gente está imaginando que agosto vai ser um mês chave para a economia, pois muitas empresas demitiram, mas muitas mais usaram afastamentos temporários. Como esses prazos finalizam em julho, vai ser quando elas olharão para o seu faturamento e verão se conseguirão lidar com aquilo – e com o cenário que está se construindo agora não será possível, então podem ocorrer mais demissões ainda”, afirma ele.

O Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda foi lançado no início de abril e permite, entre outras opções, a suspensão de contratos de trabalho por até 60 dias e a redução de jornada e salário por até 90 dias, ambos com garantia provisória de emprego após a volta ao trabalho equivalente ao período de redução – quem optou por uma das medidas em abril por dois meses, por exemplo, tem o vencimento do prazo em julho, com a garantia do emprego finalizada em agosto.

Retomada da economia

Conforme destaca Plattek, entre as questões abordadas na pesquisa também estavam quantas pessoas as empresas já demitiram e quantas podem ter que vir a demitir. Na primeiro relatório, de abril, a média de demissões eram duas por estabelecimentos, com a a pretensão de outras quatro; no segundo, feito um mês depois, a média dobrou para quatro e a pretensão subiu para seis.

“Isso é extremamente preocupante. Essas pessoas sem renda fazem com que a retomada econômica seja muito difícil. A economia é uma roda: precisa de pessoas tendo renda para consumir para pessoas terem renda, é um vai e volta”, exemplifica o membro do Conselho, que completa: “os governos estão atentos a isso, mas é um prazo bem curto, temos cerca de um mês e meio para lidar com isso”.

Demissões em massa

Analisando os impactos na empregabilidade a partir do porte empresarial, a pesquisa traz que em abril quem mais tinha demitido eram as menores, cenário que se modificou um pouco com a intensificação das demissões nas grandes empresas- em abril, o percentual de empresas de grande porte era de 17% e em maio esse percentual passou para 50%.

“As pequenas empresas são as que mais terão chances de efetivar demissões nos próximos meses, mas no caso das grandes, no mês de abril em torno de 33% tinham essa a expectativa, e esse percentual subiu para 64%”, ressalta o estudo.

Para Henrique Plattek, este dado também é preocupante devido à proporcionalidade do impacto. “Quando uma grande empresa demite, ela não demite 5 pessoas, mas sim 100, 200, 300, que não são apenas indivíduos, mas famílias e todo o consumo que elas geram”, lembra. Ele avalia que os governos devem ter conversas individuais com as grandes empresas que passam por dificuldades, justamente para tentar achar soluções que evitem essas demissões em massa.

Programa Municipal do Primeiro Emprego incentiva contratação de jovens

Foi lançado nesta semana em Ponta Grossa o Programa Municipal do Primeiro Emprego (PROMPE), que visa a inserção de jovens no mercado de trabalho através de uma espécie de compensação tributária às empresas que contratem profissionais sem experiência profissional. Qualquer empresa da cidade que tiver a situação regularizada no Cadastro de Dívida Ativa do Município e as obrigações fiscais e sociais em dia pode participar do programa, que tem foco no público de 18 a 24 anos que não possui experiência profissional superior a seis meses de serviço – o tempo de Menor Aprendiz, neste caso, é desconsiderado.

Cada empresa poderá contratar até cinco funcionários pelo programa pelo tempo mínimo de 12 meses,passível de prorrogação. Os créditos fornecidos em forma de desconto nos tributos municipais serão equivalentes a 40% do salário caso haja uma contratação em tempo integral vinculada ao programa. Se a contratação dos jovens for de meio período, o desconto será de 20% do salário mínimo nacional vigente.

Porém, para que o programa não se transforme em uma precarização de trabalho, trocando trabalhadores já empregados pelos jovens devido aos menores custos, serão ofertadas apenas 200 vagas neste ano e 200 em 2021, conforme destaca o coordenador da Agência do Trabalhador, John Elvis Ramalho.

“Para evitar essa troca de mão de obra limitamos a um número expressivo, mas reduzido. Temos vários currículos já arquivados de jovens pré-cadastrados, e os interessados, tanto os que procuram uma vaga quanto os empregadores, já podem procurar a Agência para integrar o programa”, destaca ele, afirmando que pelo menos 2 em cada 10 pessoas que procura o órgão não possui experiência profissional. “Muitos têm qualificação, mas não ganham chances por falta de experiência”, conclui Ramalho.

 

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