Secretário de Planejamento de Estado do Paraná, Silvio Barros é enfático ao comentar a situação das administrações públicas no país: ou elas passam por uma reformulação completa, ou, em breve, entrarão em colapso.
O integrante do governo do Beto Richa (PSDB) estará em Ponta Grossa na terça-feira, para participar do Fórum Empresarial Diário dos Campos e Acipg, onde irá proferir a palestra com o tema O futuro do governo e o governo do futuro.
Em sua fala, Barros pretende apontar uma série de situações sobre a administração pública e os desafios para os próximos anos. É um convite à reflexão, cujo título já explica. Um chamado para as pessoas pensarem: para que serve um governo? Por que eu preciso dele? O que nos interessa?, explica.
Em entrevista exclusiva ao Diário dos Campos, o secretário lembra que este assunto interessa não somente aos governantes e administrados ligados à esfera pública, mas também a toda sociedade, principal interessada na atuação dos governos.
Embora seja integrante de um governo estadual, Silvio Barros não exime o próprio Paraná da necessidade de se reformular em termos de gestão pública. Para o secretário de Planejamento, se não haver mudanças drásticas na estrutura de governo, todas as administrações públicas caminham para a falência. E a respeito do ajuste fiscal promovido pelo governo Beto Richa, Barros é incisivo: o acerto de contas públicas não é a mesma coisa que uma reestruturação governamental. Leia trechos da entrevista:
Uma reflexão sobre o papel do governo
É preciso pensar que tipo de governo gostaríamos para nossa sociedade, os desafios e tendências que vão ser impostas aos governantes, em uma sociedade cada vez mais velha, com uma redução da taxa de natalidade, com uma sociedade toda conectada, com mudanças climáticas que já ocorrem a todo momento. O que se pode fazer em um cenário como este?
Situação da máquina pública
A situação do Paraná, assim como de todos os governos no país, não é diferente de outros estados. A estrutura pública, do jeito que está, é insustentável. Da maneira como ela se encontra ela está condenada. Todos seguem o caminho do Rio Grande do Sul (onde o governo estadual faliu), é uma questão de tempo. A menos que se reestruture, não tem salvação, é uma questão de tempo, só não sabemos quando esse colapso vai acontecer
Papel dos cidadãos no estágio dos governos
É muito cômodo reclamarmos, batermos panela, pedirmos impeachment, criticar todos os políticos, mas quem coloca governantes no poder somo nós. Nós, enquanto sociedade, temos uma parcela de responsabilidade pela situação em que os governos se encontram
Corrida contra o tempo
Os governos precisam passar por uma reformulação completa, se for parcial, não vai adiantar, e se não for feita o quanto antes, se não fizer de forma rápida, não haverá tempo para recuperação
Reajuste x reestruturação
O que vem acontecendo no Paraná não é uma reestruturação do governo e da máquina pública, o que se fez, e está fazendo, é um reajuste fiscal. Necessário, porém, não se pode chamar de reestruturação da máquina pública
Problema de todos
Os problemas que todos os governos enfrentam não é isolado, é uma questão global, que ocorre em vários países
Currículo de Silvio Barros
– Engenheiro Civil com especialização em Engenharia Sanitária e Ambiental, trabalhou 25 anos no desenvolvimento de produtos e destinos turísticos, tendo vivido 15 anos em Manaus, onde trabalhou com o oceanógrafo Jacques-Yves Cousteau durante os dois anos de sua expedição à Amazônia.
– Foi instituidor e primeiro presidente da Fundação Vitória Amazônica, a maior ONG ambientalista do estado do Amazonas e durante cinco anos foi membro do Board da Sociedade Mundial de Ecoturismo (www.ecotourism.org). Também foi diretor para a America Latina do WTTC- World Travel and Tourism Council.
– Exerceu diversas funções públicas inclusive de Secretário de Estado no Amazonas e no Paraná e também secretário nacional no Governo Federal em Brasília. Por dois mandatos consecutivos (2005 a 2012) Silvio Barros foi prefeito de Maringá, cidade totalmente planejada e com uma população de aproximadamente 370 mil habitantes. Neste período a cidade foi premiada nacionalmente em diversas áreas como inovação, empreendedorismo, educação e saúde preventiva, sendo ainda reconhecida pelo Instituto FIRJAN como a melhor gestão fiscal do Paraná e uma das melhores do Brasil.
– Atuou na defesa do municipalismo sendo membro da diretoria da Frente Nacional de Prefeitos e coordenou a participação da FNP na Conferencia das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável Rio + 20. Atuou voluntariamente como presidente do Centro de Inovação de Maringá (CIM) e é consultor em gestão pública e sustentabilidade.