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“2017 será o ano dos políticos no banco dos réus”, diz Sandro Alex

 

Divulgação
Sandro Alex afirma que classe política seguirá desgastada com andamento da Lava Jato

 

Deputado federal e vice-presidente do Conselho de Ética da Câmara, Sandro Alex (PSD) acompanhou de muito perto – e em alguns casos teve papel decisivo – a maior crise política que o País teve: queda do Executivo, derrubada – e até prisão – de chefias do Legislativo, crise entre poderes. E ainda assim, o parlamentar não tem dúvidas, o ano que vem será ainda mais turbulento para a classe política.

Em entrevista ao Diário dos Campos, Sandro Alex faz uma análise do turbilhão político que se tornou a capital federal, e atenta: “o drive político não está em Brasília”, diz, se referindo às decisões tomadas em Curitiba, pela Força Tarefa da Lava Jato.

Na opinião do parlamentar, em 2017 a classe política será atingida em cheio pelas investigações, mas também acredita que discussões se aprofundarão, como as reformas trabalhistas, previdenciária e política. O parlamenta ainda ressalta os recursos trazidos para Ponta Grossa e região. Confira trechos da entrevista:

Impeachment e prisão de Eduardo Cunha

“No começo de 2016 se falava do processo pela saída do Sr. Eduardo Cunha e também da Sra. Dilma Rousseff. E até se dizia que não caberiam estas possibilidades. Que eram inviáveis. Mas acabou acontecendo a queda da presidente, e o desfecho do processo do Eduardo Cunha, onde ganhamos, por um voto, no Conselho de Ética, onde sou vice-presidente, não apenas sendo cassado como sendo preso. Tivemos um processo de impeachment, que é doloroso, traumático, mas era necessário.”

 

Votações na madrugada

“Houve um embate muito grande entre os poderes. E que se viu foi uma tentativa de retaliação, uma tentativa de calar o Judiciário, em se alterar um projeto que era da sociedade, no meio da madrugada. Aliás, sou contra qualquer votação na madrugada, à revelia da população. Não sou acompanhante de luxo do governo para ficar de madrugada toda votando o que ele quer. Sou a favor de algumas medidas propostas pelo governo sim, mas não estou lá para votar tudo que eles querem.”

 

Reformas da previdência, trabalhista e tributária

“Todas as reformas são necessárias e sempre vão causar polêmicas. E em toda discussão todos os lados têm suas razões distintas mas em um momento tem que se votar. Tem que se fazer reformas? Sim, mas elas têm que ser discutidas, haver uma maior reflexão. No caso da Reforma da Previdência, como veio o projeto, não acredito que seja aprovada, e não tem o meu voto. Com relação à reforma trabalhista, entendo que não se pode engessar, há que ter uma flexibilidade, negociação melhor. Acredito que os sindicatos vão se opor, não como proteção ao trabalhador, mas com interesses. Mas o mundo caminha para a flexibilização. A questão da reforma tributária é: quem vai abrir mão, Estados, União ou municípios? É um quebra-cabeça.”

 

2017 e a classe política

“(2017) Vai ser tão agitado ou mais do que foi este ano. É importante que se diga que o anúncio de medidas econômicas são anúncios ao mercado. Mas o drive político não está apenas em Brasília. Se a operação Lava Jato chegar ao governo, ele desestabiliza, ou se desfaz. 2017 vai ser o ano em que os políticos vão para os bancos dos réus. Houve a vez dos doleiros, depois dos empreiteiros, e agora chega aos políticos. A discussão chega agora ao ambiente político. Vai melhorar? Vai, mas a transição não vai ser fácil. Nenhum político está bem. Eu trabalho no ambiente mais sujo e promiscuo, mas ainda posso andar na rua. Mas tenho certeza que virá uma campanha forte contrário à reeleição, e teremos em 2018 um Congresso muito diferente.”

 

Conquistas para Ponta Grossa e região

“Eu digo que em 2016 Ponta Grossa voou. Isso é marcante, são 20 anos tentando viabilizar o Aeroporto Sant’Ana. Investimentos são importantes, inaugurações também, mas o aeroporto é simbólico. Ainda que esteja dando os primeiros passos, precisa melhorar muito, é claro, mas fizemos o possível e mostramos que era necessário e que era viável. E em 2017 vamos brigar pela ampliação, para que as obras se iniciem ainda neste ano. Também estou focado no Contorno Norte, que é uma discussão que se inicia novamente. E não se pode ser contra a discussão. Também temos investimentos importantes para a Santa Casa, o tratamento de câncer é algo que me emociona. Conseguimos a verba para a UEPG concluir seu centro de convenções, que é algo importante para a cidade. E também recursos para infraestrutura, principalmente na malha viária da cidade. Ponta Grossa vai precisar muito de parceria e vamos ajudar. A região também conseguiu recursos, como Palmeira, reinaugurando seu Mercado Municipal, ou Castro, com a pavimentação da Rua Doutor Jorge.”

 

PSD e reforma política

“Vou assumir oficialmente a presidência do PSD no Paraná e o trabalho vai ser de fortalecimento. Vai ter haver uma redução de partidos, há uma série de partidos que são legendas de aluguel. E o partido precisa se fortalecer. Porque eu entendo que é maléfico esse negócio de coligação. Em 2018 o voto terá peso, será ainda mais crítico. As pessoas não querem alianças, estão vendo como cada partido vota. Estou convencido que esta coisa de voto de cabresto, de acordo, está fadada. Não vai ser isso que irá definir, quem acha que um acordo vai garantir a eleição, está enganado, as pessoas estão mais politizadas.”

ELEMENTO

O Diário dos Campos inicia hoje uma série de entrevistas em que agentes políticos fazem uma análise do cenário em 2016 e 2017. Na edição de fim de semana a entrevista será com o governador Beto Richa (PSDB).

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