O golpe e a raiva
Em algum momento da carreira, todo profissional vai perceber — e às vezes até ter certeza — de que foi boicotado. Alguém o prejudicou deliberadamente, apenas pelo prazer de fazê-lo. A primeira reação é a raiva; depois, vem a frustração. Mas o perigo maior surge quando essa dor começa a se transformar em algo mais sombrio: o desejo de vingança. Foi o que aconteceu com um ouvinte que me escreveu relatando ter sido sabotado por um colega que queria se destacar perante a chefia — e agora, tomado pela revolta, busca revidar.
O limite entre justiça e vingança
Sentir raiva é humano. Ninguém deve se culpar por isso. O problema começa quando o impulso de revidar se torna uma ação planejada. O instante em que alguém age para prejudicar o outro deliberadamente, ainda que com a sensação de “estar apenas devolvendo na mesma moeda”, é o momento em que se perde o direito de estar certo. A partir daí, não há mais vítima nem vilão — há apenas dois profissionais agindo com o mesmo tipo de falta de caráter, nivelando-se por baixo.
O verdadeiro caráter
Em bom português, quem busca vingança prova que é igual a quem o feriu. A vingança nunca é nobre, nunca constrói e jamais faz um profissional crescer. Ela apenas consome energia e compromete o que há de mais valioso: o caráter. Por isso, antes de agir, pergunte a si mesmo se quer ser lembrado como quem manteve a integridade ou como quem se perdeu no mesmo jogo sujo. Afinal, ter razão não é vencer o outro — é vencer a si mesmo.