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Rua XV de Novembro

Poderia o transeunte absorver da história enquanto simples passante? Carrega o ar de outrora o que instiga a vida fulgurante? Conhecer e transitar traz do passado o que foi relevante? Para os desavisados que circulam pela Rua XV de Novembro, na inocência do desconhecimento, a pujança das edificações não permite ignorar a história a se contar. O início do século XX marcou o desenvolvimento de Ponta Grossa, que crescia e moldava a vida urbana, quando fazendeiros e tropeiros abastados fundavam lojas e estabelecimentos comerciais. Riqueza que esculpiu fachadas de beleza inata, tais como os prédios da Relojoaria Gravina e do Botequim. Felizmente, certas construções, sendo arquétipo e referência da prosperidade de tal fase, foram salvas da demolição iminente. Em épocas de efervescência política, social e cultural, foi a Rua XV de Novembro palco, cenário e um pouco personagem dos acontecimentos. Ignorar os fatos e matar o que nos caracteriza como povo e gente? A pesquisadora Isolde Maria Waldmann destaca que, além da memória arquitetônica, a rua conserva a memória emocional dos fatos. Como abarcar o que nos identifica se destruímos a construção que preconiza? Inda hoje, com os antigos pontos comerciais, bares e cafés, quase todos demolidos, pequenos grupos se reúnem em bate-papo ocasional que remonta aos hábitos já vividos. Na década de 30, após as 18 horas, era a agitada rua local de encontros e conversas. A remodelação ocorrida nos anos 90 perfilou a configuração da rua, estreitando-a, em contrapartida, adicionou bancos que favorecem a atitude contemplativa diante do que restou da arquitetura nobre e requintada. Agora entendo a maldição das múmias do Antigo Egito, quem ousa violar e profanar o que foi tão refinadamente concebido, amarga em morte e decadência o peso da vil interferência.

 

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