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Ressignificando a vida

As tragédias são sempre causadoras de grandes impactos emocionais, sociais e comunitários. Umas, nos atingem menos e outras, às vezes indiretamente, pois nem sempre acontecem conosco mesmos, porém nos atingem de forma a sentirmos a dor dos que nela foram envolvidos.

“As grandes tragédias, provindas de fenômenos naturais ou de eventos sociais, costumam ter um grande impacto psicológico nas pessoas direta e indiretamente envolvidas. A queda de um avião, um ataque terrorista, um furacão, uma grande enchente… São acontecimentos que abalam de forma abrupta, chocam e surpreendem a todos. A ordem e a estabilidade do ambiente, os vínculos afetivos e emocionais seguros se evaporam em questão de minutos, criando uma sensação imediata de confusão e desamparo”. Eventos como esses, traumáticos e de grande magnitude, são dotados de tamanha intensidade e violência que se tornam muito difíceis para que a pessoa que o experimenta possa processá-lo de imediato. Mesmo não conhecendo as pessoas envolvidas ou estando a quilômetros de distância da tragédia, as pessoas se confrontam com uma realidade que é inimaginável, sofrida. Presenciamos, então, um sentimento coletivo e amoroso na busca de conforto da dor diante da morte e do desamparo. São situações que nos fazem pensar na nossa própria fragilidade, impotência e, muitas vezes, em nossos próprios lutos pessoais. Nos fazem pensar no que deixamos de fazer, nos sonhos que não realizamos, nas pessoas das quais estamos distantes.

Avaliando e estabelecendo uma relação empática, ou seja, nos colocando no lugar das pessoas atingidas pela tragédia das praias ao norte de São Paulo, sentimos que não temos os “alcance” de imaginar o que realmente cada morador daquele lugar pode estar passando. Não foram só bens materiais que lhes foram tirados ou empregos, lugar de subsistência… foram vidas ceifadas, sonhos frustrados, expectativas anuladas. Toda uma vida interrompida, seja humana, animal, da fauna, da flora…E, com a iminência de atingir outros espaços vitais para muitas pessoas que habitam a região atingida.

Como ressignificar a vida? Para essas pessoas, a vida acabou? Ficaram sem teto, sem trabalho, sem familiares… O quê pode dar sentido à vida?

O homem tem o privilégio de poder, com o passar do tempo, encontrar novas alternativas de sobrevivência, de resiliência… 

Os atingidos pela tragédia , viverão por algum tempo sob o efeito desse estresse pós traumático. A dor, a saudade, a revolta estará instalada na mente de muitas pessoas. Isso jamais será apagado, esquecido. Porém, a vida segue e cada um a seu modo, poderá com o passar do tempo, perceber que tem potencial de enfrentamento, fazendo seus lutos e com isso buscando suportes afetivos e também utilizar a rede de profissionais como  médicos, psicólogos, assistentes sociais, que deem apoio e sustentação que possam  contribuir para a ressignificação da vida.

Não será fácil. Porém compartilhar a dor e a perda é uma das grandes armas para encontrar uma saída criativa e saudável para a elaboração do luto.

Lílian Yara de Oliveira Gomes – CRP 08/17889

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