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Dia das Crianças

                                              Lílian Yara de Oliveira Gomes – CRP 08/1788

Nesta semana iremos comemorar o Dia das Crianças. Muitas expectativas, presentes, carinho, amor. Algumas pessoas muitas vezes não levam em conta que amor não é fazer tudo, mas requer disciplina e limites, direitos e deveres.

            A permissividade, o dizer “sim” a tudo incapacita nossas crianças de se perceberem sujeitos de possibilidades, de autonomia, de desenvolvimento. Que também devem ser frustradas, castradas para enxergar que a vida não é um “sim” constante e que o “não” as ajudará a se conhecerem melhor, a  sentirem que ao lado do direito está um dever, que têm as suas capacidades a serem desenvolvidas, como aceitação, empatia, resiliência.

“Presentear é um gesto de amor e carinho que todos nós amamos, principalmente, quando crianças.

Não tem nada de errado nisso, até que o presente não vire uma recompensa para, um bom comportamento, por ser educado com alguém, ir bem na escola e tantas outras “obrigações” da criança. Ressaltamos que vivemos num momento atual de grande convite para pensarmos em temas importantes como a questão do consumo, por exemplo, e as datas comemorativas sempre intensificam esse debate.

“As datas comemorativas servem para que possamos celebrar, comemorar algo que julgamos ser importante. O presente é apenas uma forma, e não a única, de celebrarmos a importância do momento. E isso precisa ser levado em consideração”, pontua.

Para Luciana Rocha (psicóloga) é importante deixar claro que o dia das crianças – assim como o dia das mães ou dias dos pais – é apenas um dia no ano.

“O que acontece nesse dia, na realidade, pouco importa, em termos de presente ou não, o que mais importa é o que acontece durante todos os outros dias ao longo do ano”, ressalta a especialista, convidando para uma reflexão a respeito.

“Olhando por essa perspectiva, o presente passa a ser apenas uma lembrança da alegria de se ter aquela pessoa por perto, uma comemoração pela vida e oportunidade. Não é o centro das atenções, nem o protagonista do dia.

E falando em presente, outra preocupação é sobre o merecimento ou não.

Se a criança não se comporta, não ganha o presente! Se a criança se comporta, é obediente, tira boas notas, ganha um presentão!

Será que isso é legal?

E pergunta: no dia das mães e dos pais, tem o mesmo julgamento?

Se a mãe se comporta, ganha presente. Se o pai não se comporta, não ganha presente! Não é assim, não é mesmo?

Por isso, para as crianças também não deve ser !”  Pensemos nisso…

Henar Martín (psicóloga argentina) nos fala sobre a síndrome da criança superpresenteada e como ela as afeta negativamente: “A primeira coisa é que meninos e meninas deixam de valorizar o esforço. Seja no Natal ou em qualquer época do ano, se pedem alguma coisa e acabam recebendo tudo de uma vez, vão pensar: ‘se eu tenho tudo que peço, por que vou me esforçar? Da mesma forma, não ajudamos a trabalhar a tolerância à frustração nem a paciência com a espera. Além disso, em nível cerebral, por causa dessa quantidade excessiva de presentes o seu cérebro fica superestimulado, e ela não saberá com que presente brincar, o que pode levar a uma apatia extrema em relação aos presentes”. Esse típico menino ou menina que ganha tantos presentes que nem sabe com quais brincar, depois não dá importância para nada. Para Henar Martín, essa exposição a tantos estímulos diminui sua criatividade, já que não tem espaço para criar histórias. “Para brincar uma criança não precisa de brinquedos caros ou muito especiais porque, com sua imaginação e o jogo simbólico, com qualquer objeto pode representar diferentes tipos de brincadeiras.” El País – 10/10/21

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