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Os dias do PMDB, perigo!

*Ayrton Baptista

 

 

         É muito sério o drama vivido pelo PMDB do Paraná, face ao envolvimento de figuras de destaque na escolha do candidato do partido à Prefeitura da capital. O ex-governador Roberto Requião, como se sabe, lançou o nome de Rafael Greca. E agora só lhe resta manter. Tanto que foi ao presidente nacional licenciado, o vice-presidente da República Michel Temer, pedir para que se houver uma decisão pró Luciano Ducci, que o diretório nacional intervenha no municipal. Ora, Requião sempre ditou as normas para o seu partido em todo Estado, tendo em Curitiba o seguidor e admirador número um, Doático Santos. Hoje, Requião preside o Municipal, Doático é seu secretário-geral. Este, sobre o encontro de Greca com Temer é taxativo: não passou de uma cerimônia de beija-mão, uma tentativa desesperada de Greca garantir a candidatura.

         Então, se o principal admirador de Requião em Curitiba tem essa posição, é de se imaginar o que pode ocorrer até o final da semana, marcada que está a convenção para lançar o candidato. E, depois, claro, pois se Rafael Greca for consagrado, poderá ser cristianizado. Há uma reação forte na Assembleia Legislativa, bancada do PMDB, ou, se preferirem, do ex-líder e Requião naquela casa, Luiz Cláudio Romanelli, hoje secretário do Trabalho no governo de Beto Richa, com quem está desde antes das eleições de 2010. E de lá não pretende sair, ao contrário, que é projetar-se para outras funções e encargos.

         Não é, entretanto, apenas o secretário Luiz Cláudio Romanelli. O deputado Reinhold Stephanes Júnior bate firme na posição adotada até então. Quer é ser o candidato do PMDB à Prefeitura, numa caminhada que nuca escondeu, a de chegar ao Palácio Iguaçu como governador. Não podendo ser o candidato, se isso ocorrer, Stephanes pleiteia ser indicado vice-prefeito na chapa de Luciano Ducci. Eu tenho certeza, disse, que serei um bom vice-prefeito e, quem sabe, um dia até prefeito da cidade. O fato é que estes dias serão decisivos para o partido na capital, ainda que tudo possa ser decidido, se for, ás vésperas da convenção. Ou, como não seria de espantar, com manobras dentro do encontro tanto contra como a favor de Greca.

         Dizer-se que Roberto Requião não é mais aquele, é repetir o que se vê na liberdade em que se mostram antigos seguidores seus. O PMDB, por sua bancada estadual, entregou-se rapidamente ao novo governo. Os parlamentares federais não deixaram por menos. Aplaudem Richa e, em consequência, torcem ou procuram influenciar a favor de Luciano Ducci.

         Claro, é um problema do PMDB, hoje uma agremiação acostumada com o segundo lugar. Assim poderá ser na capital, como talvez no Estado em 2014, da mesma forma que na República. Nada diferente de outros partidos. Talvez O PMDB, entretanto, o da capital, não deva ficar argumentando que Rafael Greca foi escudeiro de Jaime Lerner. Isto faz tempo, bem ou mal, ele está no PMDB o bastante. Poderá não ser o candidato dos sonhos de liderança do partido. Então, por que não escolher-se outro, assim, puro, do velho de guerra, candidato de não permitir que se lhe atribua um fato que o ligue a outros movimentos que não os do próprio PMDB?

         Ter candidato próprio deveria ser uma obrigação dos grandes partidos. A não ser os com falta de um nome capaz de se impor. Ainda assim, o partido deve comparecer pregando seu programa, que só terá validade se ocupar o poder. Ou então, que a vontade de ser governo, ou auxiliar dê, bata mais forte.

 

 

 

Ayrton Baptista, jornalista

 

 

 

 

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