Em busca de melhores salários no mercado trabalho aquecido, a quantidade de profissionais que muda de emprego bateu recorde. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostram que 30,5% dos desligamentos ocorreram no primeiro bimestre por decisão do trabalhador. O país teve um volume de quase 1 milhão de desligamentos por iniciativa do empregado.
O fenômeno é novo e os dados mostram, também, que desde 2003, ano do inicio da pesquisa, as saídas voluntárias somavam 17,7%. As informações anualizadas confirmam a tendência de aumento do índice de desligamentos espontâneos. Na média do ano passado, 28,3% das demissões foram por iniciativa do funcionário em 2003, a proporção foi de 16,8%.
Para advogados e especialistas em relações sindicais-trabalhistas, numa situação de desemprego mais baixo, a viabilidade de obter um emprego melhor tende a ganhar mais força. Alguns chegam a afirmar que haveria ainda mais desligamentos voluntários se a legislação trabalhista fosse menos rígida ou mais flexível.
O mercado de trabalho deverá continuar aquecido neste ano. Porém o crescimento do emprego terá um ritmo menor do que o verificado em anos anteriores. Os números do Caged sobre criação de vagas já mostram uma tendência de redução da alta. Em fevereiro de 2012, foram abertos 150,6 mil postos, resultado 57% menor do que no mesmo mês de 2011. O mercado deve continuar aquecido, mas o crescimento deve ser menos veloz. É mais fácil reduzir a taxa de 10% para 9% do que de 5% para 4%, segundo especialistas da Fundação Getúlio Vargas. A Região Sul, que tem os melhores índices de educação no País, é a que tem o maior índice de desligamentos por iniciativa do trabalhador. Santa Catarina é o único Estado em que os desligamentos espontâneos superam as outras formas de demissão.