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Monólogo salva primeira noite

Direto e objetivo: o espetáculo Sala, Quarto, Cozinha, Banheiro e Outros Lugares Menos Cômodos, da
Cia. Teatro Porão, do Rio de Janeiro (RJ), salvou a primeira noite do 40º
Fenata, nesta terça-feira (6). A começar da abertura. Não deixou de ser
interessante tudo se iniciar, neste ano, com a recitação da história do
festival em forma de cordel, por Edmilson Santini – e registre-se que a
produção dessa forma de arte popular em si mesma já se tornou um clássico do
Fenata. O problema é que Edmilson perdeu o tom, ao ponto de ter de recorrer ao
microfone, que ele chamou jocosamente de a voz de Deus. O que teria sido uma
ótima ideia resultou em algo enfadonho e que prejudicou até mesmo a abertura
oficial.

O espetáculo
convidado para abrir o festival,
Blow Elliot Benjamin, da G2 Cia. de
Dança, Centro Cultural Teatro Guaíra, de Curitiba, também não foi dos mais
felizes. Em certo momento, chegou mesmo a testar os limites da paciência de
parte da plateia. Está claro que houve boa intenção da organização em colocar
um espetáculo dessa natureza para abrir o festival. Isso não se discute. Mas a
empreitada, que se pretendia e grande estilo, acabou sendo equivocada – ou
porque se tratava de um misto entre dança e teatro (diga-se de passagem, a
anos-luz do conceito de ‘dança-teatro’ de Pina Bausch, só para esclarecer as
coisas); ou porque é uma montagem literalmente sombria e de difícil apreensão
logo de primeira; ou pelas duas razões.

Assim que acabou Blow Eliott…, no auditório A, grande
parte do público desceu correndo as escadas para ver Andréa Cevidanes
interpretar, em Sala,
Quarto…,
seis personagens baseadas em histórias reais. E que baita
espetáculo. Em 90 minutos, Andréa, que também assina o texto e dirige a montagem,
mostrou um autêntico ‘docudrama’ – se é que o uso dessa palavra é exato para
teatro – com seis excertos de histórias muito vivas – pela ordem: de Celina, Norma, Joyce, Rosa, Rafaele e
Elizabeth.

A cena de Norma, em que não há literalmente fala alguma, é
um primor de interpretação. E as cenas com a adolescente Joyce, de 15 anos, e
Elizabeth, de 51, são impagáveis. Nesta última, que fecha o espetáculo, Andréa
desce do palco e contracena com espectadores, no que demonstra ser muito segura
e afiada no texto de improviso.

O comentário de Andréa de que a experiência com o trabalho
realizado com as mulheres a fez crescer enquanto mulher e artista só veio dar
força à montagem. Interessante esse viés documental-ficcionista, que vem sendo
explorado pelo cinema e também pelo teatro e que merece mais atenção.

Espetáculo certeiro (talvez com uma mexida aqui, outra
acolá, para regular o tom), Sala,
Quarto… fez rir, e muito, e emocionar outro tanto. Por ele, e só por ele, dá
para se dizer que o 40º Fenata começou bem.

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