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Vigário por 40 anos, padre de PG conquistou estima e polêmicas

Foto: Divulgação

O padre Anacleto Dias Baptista foi nomeado Vigário Collado da Freguesia de Nossa Senhora Sant’Ana em 1838. Permaneceu no cargo até 1878, portanto, por 40 anos. Antes, porém, já ocupara funções semelhantes em Tatuí (SP) e Lages (SC).

Além do invulgar exemplo de longevidade no vicariato, ele foi líder forte e influente na comunidade. Padre Anacleto Dias Baptista ocupou, inclusive, uma das quatro vagas do primeiro Juizado de Paz princesino. Na ocasião, era criado o 4º Distrito vinculado a Castro.

Quem era padre Anacleto Dias Baptista?

Oriundo de antigas raízes de Iguape, Padre Anacleto Dias Baptista era filho de Tomaz Dias Baptista e Rita de Oliveira Rosa, cuja prole compunha-se de 16 descendentes. Organista, cantor, dedicava-se à pintura e ao exercício prático da Medicina.

Era fazendeiro de posses apreciáveis, em certa época manteve sob seus cuidados os três sobrinhos. Sob o mesmo teto estavam Bonifácio José Baptista (futuro Barão de Monte Carmelo), Francisco Antônio Baptista (segundo prefeito com o advento da República) e Firmino Dias Baptista (coronel Vivida, que deu nome ao município do sudoeste do Estado).

Os rapazes, órfãos de Antônio Dias Baptista, irmão do sacerdote, são considerados fundadores da conhecida família Baptista Rosas. O patronímico é oriundo do segundo casamento da mãe Maria Nascimento com o lisboeta Fernando Penteado Rosas.

O padre estimado e polêmico

Anacleto, inobstante seu estado clerical, deixou diversos filhos gerados principalmente de seu relacionamento com Ana Rodrigues Fontes. Estimado pelos paroquianos, de caráter altivo, foi protagonista de não poucas polêmicas com o poder político. É o que se infere da carta que remeteu ao Presidente da Província de São Paulo, na primeira metade do século 19.

No texto, fez-se porta voz dos jurados do 4º distrito, que preferiam pagar multa do que participar de reuniões em Castro. A localidade era então sacudida por lutas intestinas entre os Carneiro Lobo e as autoridades locais. “Talvez que V. Exa. tenha sabido o estado desgraçado em que se acha a Villa de Castro”, alfineta no fim da missiva.

Doação de imóvel

Com a Câmara Municipal de Ponta Grossa, entreteve azedas relações quando passou a defender, com unhas e dentes, a doação do imóvel Ronda à Senhora Sant’Ana. Tal doação fora feita ainda nos tempos da Freguesia por Domingos Ferreira Pinto sênior (pai do Barão de Guaraúna) e que os legisladores locais pretendiam fosse patrimônio público.

Um cemitério sem as bênçãos

Instaurada a polêmica, os edis resolveram dar o troco: aprovaram a abertura de outro cemitério (o São José). Era uma tentativa de esvaziar o poder do pároco que, no campo santo antigo, a tudo geria.

A nova necrópole, porém, não recebeu as devidas bênçãos religiosas por parte de Anacleto, propiciando o afastamento dos fiéis. Só em 1880, após o falecimento do pároco ocorrido dois anos antes, é que a paz foi selada por seu substituto João Evangelista Braga.

*Nota do editor: uma rua no Bairro Nova Rússia presta homenagem ao padre descrito no texto de Josué Corrêa Fernandes. O texto foi originalmente publicado no Diário dos Campos, versão impressa do DCmais.

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