Já vão quase 180 anos quando o dr. Louis Michel Athanázio Biron, acompanhado da esposa e dos sete filhos, instalou-se definitivamente na Freguesia de Ponta Grossa. Formado em Paris, na École de Médecine, o jovem médico francês Louis Biron viera primeiro para a Colônia Agrícola Thereza Cristina, às margens do Rio Ivaí, para viver o sonho da cidade fraterna juntamente com outro médico, o dr. Jean-Maurice Faivre.
No entanto, um ano de provações e de isolamento quase absoluto levaram-no a abrandar as ideias do socialismo utópico e a procurar um centro urbano que desse maior conforto a seus familiares. Rendia-se à dura realidade de um país que ainda engatinhava e que apenas oferecia uma natureza pródiga, sem qualquer infraestrutura. Carente de recursos, de vias de acesso, a chamada Thérèseville não conseguiu empolgar alguns de seus fundadores. Foi daí que o médico de 36 anos resolveu transferir-se para Ponta Grossa.
Quem foi Louis Michel Athanázio Biron?
Era o ano de 1849. Aqui, seu prestígio logo se firmou, reconhecido inclusive pelas autoridades locais. É o que se vê do livro de atas nº 02, da Câmara Municipal, onde o Presidente Frederico Martinho Bahls, preocupado com a suspeita de uma epidemia de bexiga (varíola) pelos lados da Rua do Oriente, designou, de forma oficial, o dr. Athanásio Biron para tomar providências a respeito.
Nos arquivos da Paróquia de Sant’Ana também há registros sobre sua família: casamentos dos filhos Louis Alfred, Marie e Honorine e o assento de óbito dele próprio, falecido em 31 de Março de 1864 “depois de receber os Sacramentos da penitência e da extrema-unção, com a idade de 50 anos”.
Sua esposa, Josephine Peupart
Sua esposa viveu ainda muitos anos nesta cidade. Josephine Peupart foi uma das pessoas que D. Pedro II e a Imperatriz Thereza Cristina receberam e aquinhoaram com dádivas, na visita que fizeram em 1880. No cemitério S. José, seus restos mortais encontram-se ao lado da visitada sepultura de Corina Portugal.
A arte de curar
Por quinze anos, Biron exerceu a arte de curar em Ponta Grossa. Os ideais de igualdade e solidariedade que o irmanaram ao dr. Faivre foram apenas vividos em outro cenário. Das barrancas agrestes do Ivaí, onde se tentava mudar o homem pela transformação da natureza, o jovem facultativo veio para a região campesina, pronto a lutar pela vida e saúde de seus habitantes.
Anônimo, guardando em suas lembranças a agitação das ruas parisienses e o clamor das mensagens revolucionárias de respeito ao ser humano, Athanázio Biron não foi apenas o primeiro médico, mas um dos artífices que ajudou a modelar o caráter altivo e por vezes rebelde dos princesinos.