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Confeitaria em principal avenida de PG promoveu fascismo

Imagem da Vicente Machado, na primeira metade do Século XX Foto: Reprodução Facebook Grupo Ponta Grossa Memória Viva / autor desconhecido

Na marcha dos anos e dos acontecimentos políticos que forjaram a cidade de Ponta Grossa, há um breve período em que o fascismo de Mussolini e D’Annunzio encantou algumas cabeças pensantes, fato que também ocorreu com o nazismo e o integralismo em épocas mais ou menos contemporâneas. Chegou a existir um restaurante e confeitaria promovendo o fascismo em Ponta Grossa.

Fascismo em Ponta Grossa e além do Atlântico

Ângelo Trento, em “Do outro lado do Atlântico”, além de fazer menção às várias fases da imigração italiana no Brasil, dedica capítulo à parte sobre a influência do fascismo no exterior, mormente naquelas áreas sitas nos três Estados do Sul que receberam maiores contingente vindos da Itália. Incentivados por agentes diplomáticos, uma considerável parcela de italianos natos e de seus sucessores brasileiros, enxergavam, na pessoa do Duce e no regime instaurado pós-1ª Grande Guerra, a chance plena de recuperação da dignidade nacional e do orgulho ferido.

Tensão nos anos 1920

Então, no decorrer dos anos 1920, pulularam organizações civis destinadas a cultuar esses princípios. Em Ponta Grossa, ao que se dessume de várias referências históricas, um dos líderes principais de tal vertente foi o médico Francisco Burzio, hábil cirurgião e pessoa de grande estima na comunidade, o qual, acolitado por outros patrícios, tentou tomar conta da Sociedade Dante Alighieri a fim de transformá-la num centro de apoio e irradiação do fascismo, o que começou a pavimentar com a expansão do quadro de associados e da convocação de uma assembleia geral.

Mas a reação logo ocorreu por parte dos antifascistas liderados pelo então presidente Barchi que, para contrabalançar a presença de novos sócios fiéis à doutrina mussolinista, recorreu à mesma manobra encetada pelos adversários, passando a qualificar mais pessoas para integrar a entidade e usar do direito de voto.

Discussões em praça pública

Os ânimos se exaltaram, ameaças de violência surgiram e o caso foi parar no Judiciário que, diante dos interesses opostos e radicais dos dois grupos, houve por bem em interditar a sede da Sociedade, o que levou a diretoria a fazer suas reuniões em praça pública (Praça do Rosário), em cujo local também foram realizadas assembleias pelos antifascistas. A causa, intentada em 1929, arrastou-se por anos e, por isso, arrefeceu os ímpetos dos demandantes. E Il fascio littorio, como símbolo da ideologia concebida por Mussolini, naufragou nas vagas da história.

Confeitaria e Restaurante União Fascista

Como nota curiosa, e a testemunhar a presença do fascismo na cidade, havia a “Grande Confeitaria e Restaurante União Fascista”, que funcionou na Avenida Vicente Machado e que mereceu destaque no Álbum do Paraná com a foto de seu proprietário Giuseppe Pierri.

De lembrança, ficou a velha sede da Sociedade Dante Alighieri, atrás do Colégio Regente Feijó, que agora se encontra sob a administração da Paróquia do Rosário.

*Nota do editor: a exata localização do antigo Restaurante e Confeitaria União Fascista, na Avenida Vicente Machado, não pôde ser precisada a partir da análise dos documentos pelo autor desta coluna.

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