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Aviões e aviadores

Ao vermos jatinhos e helicópteros cruzarem rotineiramente os céus de Ponta Grossa, é justo que façamos um retrospecto de mais de um século para que sejam lembradas as primeiras experiências aeronáuticas aqui ocorridas.

Por notícias extraídas de jornais do início do século 20, constata-se que um dos pioneiros nessa área foi Cícero Marques, especialmente convidado para expor suas habilidades no comando de um monoplano de fabricação francesa, pesando 400 quilos, com motor de 25 cavalos. Consta que esse foi o primeiro voo a partir do solo princesino. A demonstração revestiu-se do acompanhamento de público estimado em cerca de três mil pessoas e aconteceu no Prado ou hipódromo de Uvaranas.

O piloto Marques, juntamente com o mecânico Marcel Prevost e demais membros de sua equipe, chegou à cidade de trem, na parte da tarde do dia 19 de abril de 1914, dedicando-se, logo após, à montagem do aeroplano cujos componentes também tinham vindo por via férrea.

Tudo providenciado, deu-se início à exibição, debaixo da nervosa expectativa das pessoas que acorreram ao local. Acionadas as hélices pelo mecânico francês, iniciada a decolagem, o pequeno avião subiu a uma altura inicial de cerca de 60 metros para depois atingir o triplo, com gritos de aplauso de populares que, misturados a autoridades, prefeito, vereadores, extasiavam-se diante da demonstração que ocorreu poucos anos depois do voo do 14 Bis.

Mais quatro anos à frente, outro acontecimento aéreo viria assombrar os ponta-grossenses. Em setembro de 1918, a Escola Paranaense de Aviação promoveu um raid Curitiba-Ponta Grossa, no aeroplano “Sargento”, pilotado por Luiz Bergmann e João Busse. A imprensa noticiou que o “extensíssimo percurso de mais de 190 quilômetros, foi vencido no mínimo espaço de tempo de uma hora e dez minutos”. Na cidade, depois de fazer arrojadas evoluções, o “Sargento” apresentou-se no que foi chamado de primeira tarde de aviação, levando a bordo três senhoritas da sociedade local.
A essas pitorescas notícias de aeronáutica, não se pode olvidar que Santos Dumont, o Pai da Aviação, aqui esteve em visita no dia 04/05/1916, procedente de Foz do Iguaçu, quando foi recebido em Ponta Grossa sem muito entusiasmo pelos mandões da cidade.

E que, em 1909, a acrobata e aeronauta Maria Aída deixou os princesinos boquiabertos ao subir por cerca de 200 metros num trapézio acoplado ao balão “Granada”. Mais admirados ainda ficaram quando Aída desceu rapidamente por cordas a fim de se desviar de um capão de pinheiros e, ao tocar o solo, obrigou-se a mostrar alguns centímetros de suas belas pernas, como conta a historiadora Maria Lurdes Osternack Pedroso, no livro “De como aconteceu – 2”.

O autor é um dos fundadores da Academia de Letras dos Campos Gerais, advogado, e foi juiz, vereador e prefeito da cidade de Prudentópolis, de onde é natural. Entusiasta da História, é autor de diversos livros, incluindo “Das Colinas do Pitangui…” e “Corina Portugal: História de Sangue e Luz”.

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Escrito por Josué Corrêa Fernandes

A Redação do Diário dos Campos é composta por uma equipe de jornalistas e colaboradores, que produzem conteúdo de qualidade, com foco especial em Ponta Grossa (PR) e região dos Campos Gerais. O DC foi fundado em 1907 como jornal impresso, e atualmente publica notícias em diferentes plataformas.