Vanderley de Paula Rocha
As celebrações, dedicadas ao Divino Espírito Santo remonta às décadas finais do século XIII e tiveram seu início em Portugal. No Brasil, essas, foram inseridas por meio dos colonizadores portugueses no início da colonização do território brasileiro a partir de 1500. Na cidade de Ponta Grossa, essa devoção teve início em 1882, após Dona Maria Júlia Xavier ter encontrado a imagem de uma pomba que representa o Divino Espírito Santo gravada em um pedaço de madeira dentro de um olho dágua próximo à região que hoje conhecemos como Carambeí.
De acordo com os registros, após ter encontrado a imagem do Divino, Nhá Maria do Divino como ficou conhecida na cidade, trabalhou recolhendo objetos, quadros de santos e dinheiro, com o objetivo de construir uma capela em honra ao Divino. No entanto, acabou sendo vítima de roubo, fato que a fez ceder parte de sua residência, para que nesse espaço acontecessem as celebrações em honra ao Divino Espírito Santo.
Foi a partir desse momento que a casa de estilo colonial construída em 1840, situada na Rua Santos Dumont, Nº 524, se tornou a Casa do Divino a qual para os devotos do Divino é considerada um espaço sagrado. A precursora do Divino em Ponta Grossa faleceu em 1917 com 95 anos. Após sua morte a tradição foi mantida por seus familiares.
Nas celebrações dedicadas ao Divino, que consistem em novenas, rezas, procissões e festa, os devotos estabelecem profunda reflexão espiritual, assim acendem suas velas, oram e caminham pelas ruas em ritual de procissão, nesse rito, o Divino está representado na pomba gravada na madeira dentro do Ostensório que é retirado do altar apenas no dia de Pentecostes, também está representado na imagem da pomba desenhada nas bandeiras vermelhas que nas mãos dos devotos compõem a procissão.
Os devotos também entregam seus ex-votos e realizam a festa em honra ao Divino, em troca, o Divino protege e ilumina o caminho de seus filhos, é esse o sentimento que faz os devotos cultivarem essa tradição. As festas do Divino em Ponta Grossa iniciaram em 1882 e foram realizadas até 1910, com envelhecimento de Dona Maria, e o desinteresse da população a festa deixou de ser realizada. Só teve sua reedição em 2003, a partir da iniciativa dos atuais responsáveis pela Casa do Divino. Essas festas englobam cantos, barracas de quermesse e apresentações culturais e consistem no momento em que os devotos se sociabilizam.
Assim, realizando essas celebrações juntos os devotos passam a legitimar a comunidade religiosa e cultivá-la, fatores que possibilitaram essa tradição religiosa completar 130 anos em Ponta Grossa.
O autor é bacharel em História pela UEPG e pós-graduando em História, Arte e Cultura pela mesma instituição