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EMPREENDER OU ARRANJAR UM EMPREGO?

Um dia destes estava conversando com um jovem engenheiro recém-formado. A conversa girava em torno do fato que ele está com uma empresa startup incubada na universidade. Ele e mais três jovens, alguns ainda estudantes da graduação, outros já graduados, estão propondo a criação de uma máquina no setor cervejeiro.

Durante a conversa percebi uma inquietação nos jovens porque estavam se sentindo na obrigação de arranjar um emprego, pois o empreendimento ainda estava na fase inicial. Sofrendo pressão da família, da sociedade e de outros amigos que já estão empregados. Imagino que seja bastante difícil para esses jovens suportarem esse repuxo.

A menos que sejam de família abastadas, que tenham condições de sustentar esses empreendedores durante a fase de desenvolvimento, a tendência é que o projeto de empreendedorismo seja abandonado.

EMPREENDEDORISMO PARA OS POBRES

Trabalho a quase duas décadas na formação acadêmica de jovens na área das engenharias e tecnologias, e uma das frases mais comuns que escuto é: estou buscando um emprego na área. Principalmente de estudantes das classes mais pobres, pois o emprego é uma necessidade para, quem sabe, auxiliar a família a melhorar de vida. Isso não é errado, mas há uma questão de fundo bastante preocupante: não existem muitas possibilidades desses jovens se tornarem empreendedores e passarem da categoria de empregado para a de empregador. Não existem programas de apoio a jovens empreendedores para que possam abdicar de uma carteira assinada por um tempo para poderem se dedicar à abertura de uma empresa. Jovens oriundos de famílias mais ricas podem se dedicar sem dificuldades a empreender. Obviamente que não é uma regra geral, mas é o que se observa de forma consistente nas incubadoras de inovações espalhadas pelo país. Seria necessário desenvolver urgentemente uma linha de apoio financeiro para que jovens mais pobres possam se dedicar ao empreendedorismo, inclusive como uma forma de mobilidade social.

UM CARREIRA OU UM FUTURO

A escolha da atividade profissional, para qualquer jovem, de qualquer classe social, é na verdade a escolha de um potencial de futuro. Não é somente ter ou não um diploma, um emprego ou uma empresa. É criar para si um estoque de futuro com oportunidades que possam vir a se tornar reais à medida que vão se tornando mais velhos. Limitar a escolha da juventude das classes mais baixas a um emprego na área é elitizar o espírito empreendedor, reduzindo toda uma porção de jovens, o maior estoque potencial de qualquer nação, a condição de futuros empregados.

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