O Brasil ainda é um celeiro de negócios familiares e Curitiba, apesar de ser uma cidade grande, insiste em preservar tradições. Em Curitiba, mercearia mantém clientes de caderninho e conquista novos fregueses pela amizade e bom atendimento. Há 65 anos, a paisagem do Água Verde era completamente diferente do que é hoje. O bairro mais adensado da capital era lugar de sítios, pequenas criações, estradas de terra, rios limpos e uma boa distância entre as propriedades. Foi nesse cenário que nasceu um negócio de secos e molhados que passou de pai para filho e só recentemente saiu da família. Entendemos que era um bom negócio investir aqui, quer pela tradição do lugar, quer pelas amizades que construímos nessa comunidade, conta Anderson de Oliveira, que voltou dos EUA há poucos anos, para abrir um negócio em que a força de trabalho fosse familiar. Aposta certeira. Anderson e o irmão Luciano, com o apoio de Orlando, o pai, e suas esposas, assumiram o comércio e preservaram os costumes, a tradição e, o que é melhor, os fregueses, muitos deles de caderninho.
Pouco mudou com a nova gestão. Os clientes de ontem continuaram se encontrando e relembrando histórias nos finais de tarde, em frente ao balcão de frios, ou nas pequenas mesas na calçada. Somaram-se a eles os novos clientes, amigos da família e pessoas que, passando em frente, viram no lugar um clima sereno, de amizade e respeito. Invariavelmente o papo gira em torno da culinária, afinal, todos que ali frequentam são adeptos da boa cozinha. As mudanças que fizemos foram poucas, conta Anderson, explicando que a ideia foi manter a originalidade do lugar, diversificando a mercadoria e fazendo algumas adaptações. Ainda hoje temos pessoas do próprio bairro que nos trazem o mel, temperos verdes e orgânicos cultivados no quintal de casa e frutas colhidas na hora, conclui o empreendedor.