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Eleições: novo momento político (V)

Fabio Anibal Goiris

Há uma pergunta insistente dos leitores que perpassa esta série de artigos e que precisa ser respondida. A questão é: por quais razões Pedro Wosgrau é considerado neste espaço como gestor de uma administração socialmente ineficiente? Em artigo anterior se argumentava, neste mesmo espaço, que para interpretar o governo Wosgrau é necessário um retorno às teorias do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920). Ou seja, quando se analisa as ‘ações sociais’ percebe-se que o prefeito sempre defendeu apenas um tipo de ação: ‘Ação racional com relação a fins’; uma ação onde prevalece o próprio cálculo racional e utilitário que persegue fins e organiza os meios necessários, como ocorre na exploração capitalista. Wosgrau nunca defendeu os outros três tipos puros de ações humanas descritas por Max Weber: 1) ‘Ação Tradicional’, determinada por um costume ou um hábito arraigado; 2) ‘Ação Afetiva’ representada por afetos ou estados sentimentais e 3) ‘Ação racional com relação a valores’ representada pela crença consciente num valor considerado importante, independente do êxito ou não desse valor na realidade.

Conclui-se que o governo de Pedro Wosgrau Filho desenvolveu apenas a denominada ‘ação racional com relação a fins’, esquecendo os outros tipos de ações. Esteve perpassado então de uma forma de ‘calvinismo princesino’, onde o trabalho e o lucro pareciam representar um bem mais importante que o ser humano. O resultado foi uma coleção de desacertos graves, especialmente na área da saúde e da assistência social. Ao desenvolver unicamente a ‘ação racional com relação a fins’ a prefeitura agiu como qualquer empresa privada: cumpre as leis do mercado e tenta gerar lucros. Ocorre que a saúde, a assistência social (como a construção do restaurante popular) e a cultura, não geram lucro e não se encaixam neste conceito puramente econômico. São ações descartadas pelo Executivo Municipal pela simples razão de que não proporcionam ganhos e nem superávit.

A saúde é entendida, então, como um fator improdutivo da administração, razão pela qual a solução mais rápida e astuta consistiria em terceirizar essa atividade. Contudo, nem sempre é esta a saída. Pode-se perguntar: resulta ético simplesmente terceirizar um dever fundamental do Estado? Esta opção exclusiva pelo ‘racional com relação a fins’ na área da saúde resultou em uma lamentável sucessão de eventos contraproducentes: falta de profissionais, vagas e acesso deficitários ao atendimento médico, ausência de medicamentos, etc.

Diante do exposto, na política contemporânea, os governos (e a pessoas) devem enveredar também para um tipo de administração que leve em conta a ‘ação racional em relação a valores’ (uma forma de ‘ética do comprometimento’) ou até mesmo certa dose de ‘Ação afetiva’, como diz Max Weber. Qualquer administração pública não pode mais sustentar-se em comportamentos movidos apenas e tão somente pela racionalidade finalista, instrumental e utilitária.

O autor é cientista político e professor da UEPG 

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