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Eleições municipais: um novo momento político (IV)

Fabio Aníbal Goiris

Existe um conceito de que as eleições municipais de 2012 serão de grande importância para Ponta Grossa. Um novo governo municipal traria mudanças não apenas de mãos, mas de atitudes quanto às políticas de crescimento social, cultural e econômico. Eleitores de todas as camadas sociais princesinas, reclamam que o progresso da cidade está profundamente estagnado, especialmente no sentido socio-econômico-cultural. A clássica comparação com as progressistas Londrina e Maringá continua sendo o fantasma que ronda os Campos Gerais. Mais ainda: cidades como Cascavel e Guarapuava parecem ter iniciado um pujante e irreversível processo de avanço.

Mas a questão que se quer analisar aqui é outra. A mudança de paradigma que se espera precisa ter um caráter de ‘revolução’, mais ainda considerando a ausência nos palanques do atávico conservadorismo wosgrauniano. De nada pode servir para a cidade um continuísmo conservador e apático. Um novo governo municipal não significa o surgimento automático de uma mudança de mentalidade e de atitude ideológica. O velho pode permanecer inserido dentro do novo. Isto ocorreu nos últimos 30 ou 40 anos. A era Wosgrau foi um atraso; uma revolução sem revolução, especialmente na saúde, na cultura e nas omissões como o restaurante popular. Numa recente publicação de Éderson Nascimento (2010) pode ler-se que não pode mais ser adiada a realização de uma gestão (pública) em Ponta Grossa onde o uso do espaço urbano priorize a justiça social.

Um caso muito semelhante ocorreu no Brasil em 1930. A denominada ‘Revolução de 30’ é considerada como o acontecimento que marcou a revolução burguesa no Brasil, na medida em que retira parte do poder político das mãos dos latifúndios e o coloca nas de setores modernizadores e industrialistas do Brasil. As exportações (e a industrialização) aumentaram e foi um momento crucial para o redimensionamento do capitalismo brasileiro. Não obstante, este progresso da economia brasileira ‘pela via prussiana’ ou conservadora, como diz Carlos Nelson Coutinho, jamais foi considerado como uma guinada objetiva e categórica em direção à democracia. O que se consagrou chamar de ‘Revolução de 30’ não passou de mais um golpe de Estado, comandado pela facção modernizadora da burguesia nacional, de onde emergirá, mais uma vez, a solução bonapartista representada pelo Presidente Getúlio Vargas.

O bonapartismo representa, pois, uma alusão de Karl Marx ao governo de Napoleão III (o golpe de ’18 de brumário de Luís Bonaparte’), onde o sobrinho ao tentar imitar o tio, Napoleão Bonaparte, acabou traindo as massas campesinas e operárias. Marx já assinalava que “os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob a sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”, ou seja, apesar de serem atores da história, as pessoas só são capazes de agir nos limites que a realidade impõe. A luta em todos os lugares continua sendo, pois, um embate dramático contra a alienação e as mistificações.

O autor é cientista político e professor da UEPG 

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