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Dilma ou Serra: Brasil escolhe novo presidente

Foi uma campanha polêmica, marcada por muitos ataques e pouco debate sobre os reais problemas do Brasil. De todo modo, mais de 100 milhões de eleitores vão às urnas hoje em todo o País para escolher o novo presidente da República: Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB), que disputam o segundo turno das eleições 2010. A expectativa é de que até o final da noite de hoje seja conhecido o nome de quem irá governar o Brasil pelos próximos quatro anos.

Dilma e Serra chegaram ao segundo turno contrariando as pesquisas de intenção de voto, que uma semana antes do pleito indicavam uma vitória petista no primeiro turno. No fim, Dilma obteve 46,9% dos votos, enquanto Serra ficou com 32,6%. Culpa da candidata do PV, Marina Silva, que superou as previsões e alcançou 19,3% dos votos, evitando que a disputa se encerrasse em um único turno. Neste segundo turno Marina optou por manter-se neutra, enquanto outras lideranças do PV se dividiram no apoio aos dois candidatos.

As últimas pesquisas apontam para uma vitória de Dilma na noite de hoje. Levantamento divulgado na sexta-feira pelo instituto Datafolha dá vantagem de 12 pontos para a petista: 56% dos votos válidos, contra 44% de Serra. Já a última pesquisa do Ibope indicou diferença ainda maior, 57% a 43%. Os últimos números seriam divulgados na noite de ontem. Apesar do cenário desfavorável, os tucanos apostam em uma reversão do quadro, questionando a eficácia dos institutos de pesquisa.

A campanha no segundo turno começou quente, motivada pelo decréscimo de Dilma ao final do primeiro turno. Os tucanos exploraram declarações da petista de que ela seria favorável ao aborto, o que foi divulgado principalmente entre as comunidades religiosas. Como forma de fazer contraponto, Serra adotou na campanha a alcunha “do bem”, enquanto Dilma se esforçou para desfazer tal imagem, enfatizando o “respeito à vida” em seu discurso. Nesse contexto, temas relevantes como política tributária, segurança pública e desenvolvimento humano passaram ao largo do debate.

No meio da campanha, mais polêmica quando Serra foi agredido em atividade no Rio de Janeiro. Os tucanos acusaram militantes petistas, enquanto a campanha de Dilma acusou o tucano de ter simulado. Na televisão, os programas dos dois candidatos foram fortemente focados nos ataques aos adversários. Serra criticava a falta de experiência política da adversária e abordava o escândalo na Casa Civil. Dilma, por sua vez, associou o tucano às privatizações e explorou o personagem Paulo Preto, que teria se apropriado de R$ 4 milhões da campanha de Serra.

Dilma Rousseff (PT) – 13 – Coligação “Para O Brasil Seguir Mudando” (PT/PRB/PDT/PMDB/PTN/PSC/PR/PTC/PSB/PCdoB)

 

Vice: Michel Temer (PMDB)

Dilma Rousseff nasceu em Belo Horizonte, em 1947. Na adolescência, fez parte da Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop) e depois do Comando de Libertação Nacional (Colina), ambas clandestinas. Em 1970 foi presa, torturada e condenada a dois anos e um mês de prisão sob acusação de subversão. Em 1973, mudou-se para Porto Alegre (RS), onde se formou em economia pela UFRGS. Na década de 80, participou da fundação do PDT no Rio Grande do Sul. Em 2001, filiou-se ao PT. Ocupou os cargos de Secretária Estadual de Minas, Energia e Comunicação do Rio Grande do Sul entre 1993 e 2002; ministra de Minas e Energia entre 2003 e 2005; ministra-chefe da Casa Civil entre 2005 e 2010.

Principais propostas

  • Distribuir gratuitamente remédios para hipertensão e diabetes
  • Criar 500 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e redes Cegonha para acompanhamento a gestantes
  • Construir 6 mil creches no país e abrir escolas técnicas em todos os municípios brasileiros com mais de 40 mil habitantes
  • Reajustar o salário mínimo acima da inflação
  • Reduzir impostos sobre os investimentos produtivos
  • Implantar 2.800 postos de polícia comunitária
  • Modernização e ampliação de 14 aeroportos e 7 portos
  • Ampliar e aperfeiçoar os programas sociais do governo Lula como o Bolsa Família
  • Redução do desmatamento de 80% na Floresta Amazônica

José Serra (PSDB) – 45 – Coligação O Brasil Pode Mais (PSDB/DEM/PPS/PTB/PMN/PTdoB)

Vice: Índio da Costa (DEM)

José Serra nasceu em São Paulo, em 1942. Foi exilado e fez faculdade de economia e mestrado no mesmo tema, na Escola de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Chile. Foi para os Estados Unidos e tornou-se doutor em Ciências Econômicas. Retornou ao Brasil em 1978, participou da fundação do PMDB e foi eleito deputado federal em 1986 e em 1990. Em 1994, tornou-se senador e, logo depois, Ministro do Planejamento e Orçamento e Ministro da Saúde. Disputou a presidência em 2002, mas foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva. Dois anos depois, tentou a Prefeitura de São Paulo e foi eleito, deixando o cargo logo em seguida para disputar o Governo de São Paulo. Foi eleito no primeiro turno.

Principais propostas

  • Ter, ao final de dois anos, em todos os Estados, 150 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) e policlínicas com capacidade realizar 27 milhões de consultas por ano
  • Criar programa Mãe Brasileira, projeto de maternidades e acompanhamento médico
  • Criar o Protec (versão do ProUni para o ensino técnico)
  • Reajustar em 10% todas as aposentadorias e pensões concedidas pelo INSS
  • Elevar o salário mínimo dos atuais R$ 510 para R$ 600
  • Criar o Ministério da Segurança Pública para combater o crime no país
  • Modernização e ampliação de 6 aeroportos e 4 portos
  • Duplicar o número de famílias que recebem o Bolsa Família
  • Fomentar a criação de um Fundo Internacional de Proteção da Amazônia

No último debate, candidatos evitam confronto

No último debate das eleições 2010, realizado pela TV Globo na noite de sexta-feira, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) evitaram o contato direto tanto durante suas caminhadas pelo palco como nas críticas veladas que fizeram um ao outro. Também se esforçaram para não citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na sessão de duas horas de perguntas e respostas a eleitores indecisos, a petista e o tucano detalharam algumas de suas propostas, mas fugiram das denúncias que fizeram um contra o outro nos últimos debates – notoriamente os casos Erenice Guerra, ex-assessora de Dilma, e Paulo Preto, ex-diretor da empresa paulista de estradas.

No primeiro bloco, questionado por um eleitor do Distrito Federal sobre corrupção, Serra atacou a falta de punições a corruptos nos últimos 20 anos e, nesse período, acabou incluindo o governo de seu aliado, Fernando Henrique Cardoso, como um dos que não deixaram atrás das grades suspeitos de lesarem o patrimônio público. “Nós vimos escândalos grandes nos últimos 20 anos, e ninguém ficou preso”, afirmou o tucano.

O ex-governador de São Paulo fez crítica velada a Lula, que criticou órgãos de fiscalização durante sua gestão. Mas só citou o adversário que o derrotou em 2002 ao lembrar que também participou da disputa oito anos atrás. Dilma, líder nas pesquisas, preferiu fazer referência ao “meu governo” e ao “futuro governo”.

O tom emotivo, visto no último programa do horário eleitoral obrigatório, ficou restrito aos comentários finais. Dilma disse ter ficado triste na campanha “em razão de algumas calúnias” feitas contra ela na internet e em panfletos. “Mas não guardo mágoa”, disse ela, que já acusou tucanos de promoverem “mentiras e calúnias”.

Serra voltou a pedir a seus eleitores que conquistem mais um voto por ele e que oferece sua biografia para ser sucessor de Lula na Presidência. Ao longo de todo o debate, Dilma e Serra evitaram contato visual, dirigiram-se para o outro lado enquanto o oponente falava às câmeras e só se tocaram no começo e no fim do encontro, para se cumprimentarem.

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