Ética e maturidade em desligamento amistoso
O executivo Alberto Benitez, gerente da filial de uma empresa de logística, quando orientado pela direção a fazer cortes para adaptar a estrutura da empresa às turbulências do mercado, sugeriu o seu próprio desligamento. O profissional e a empresa se entenderam num acordo e dão exemplo de maturidade em situações de crise. Carreira & Cia conversou com Alberto para saber das suas motivações e aspirações.
Há quanto você estava na empresa?
Eu estava desde a abertura da filial em 1999, o primeiro funcionário contratado. Eu completaria 16 anos em agosto deste ano. Quando há bom senso, maturidade e ponderação, esses favorecem para desligamentos amistosos. É uma boa situação que demonstra bom senso e maturidade das partes, permitindo, quando os negócios melhorarem, o eventual retorno como prestador de serviços. Achei que o momento exigia mudanças. A empresa precisava reduzir custos demitindo mais pessoas e considerar que a medida seria muito drástica, poderia prejudicar o desempenho da empresa agravando ainda mais problemas. Em última instancia, eu estaria apenas adiando a minha saída. O setor de transportes internacionais está vivenciando, neste momento, turbulências e a questão cambial passou a ser um fator a mais de desajustes. Em razão destes fatores, coloquei como opção à direção da empresa eliminar salários mais altos, invés de cargos, o que evitou cortes maiores. A direção da empresa levando em conta que a filial está muito bem estruturada, entendeu que este caminho seria menos prejudicial ao desempenho da filial.
No seu entendimento, qual é a causa da crise ter atingido o setor de cargas internacionais?
A diminuição da demanda provocou um acirramento da competição, que levou as empresas do setor a uma guerra de preços suicidas, onde muitas empresas visando aumentar a carteira de clientes passaram a oferecer valores de frete abaixo do valor de custo na esperança de fidelizar clientes. O que com certeza não ocorreu. Numa guerra deste tipo, todos perdem.