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Trabalho de diplomação: o fantasma do fim de curso

Por ser professor universitário tenho a felicidade de poder acompanhar o desenvolvimento de jovens durante a graduação, até a sua conversão ou não em profissionais de mercado. Existe toda uma imaturidade quando chegam como calouros e iniciam um estressante e contínuo processo de transformação da mente do jovem até o final do curso.

Espera-se que na outra ponta saiam profissionais capazes de melhorar o mercado, de aumentar a competitividade de nossa indústria e de colocar o Brasil no rumo de um futuro glorioso e promissor. E que também sejam bons cidadãos para que a sociedade também melhore.

O Ensino Superior no Brasil é uma das poucas áreas em que a qualidade do serviço público é melhor do que o do serviço privado, o que permite que alunos originários de todas as camadas sociais possam ter acesso a ensino de qualidade, excelentes professores, uma razoável estrutura física e de laboratórios e a uma vasta gama de oportunidades pós-formatura.

Matança no início da graduação

Minha graduação é em Física e atualmente leciono para engenharias na UTFPR. Na Física, lembro que minha turma iniciou o primeiro ano com 40 alunos e iniciamos o segundo ano com 13. No meio do segundo ano já estávamos em 8, ou seja, uma ‘ENORME’ taxa de evasão. O fenômeno se repete em praticamente todas as engenharias e em outros cursos de graduação, com raríssimas exceções. Ocorre uma ceifa gigantesca nos períodos iniciais da graduação e as turmas vão ficando cada vez menores, tornando o serviço público caro e de baixa produtividade. Espera-se que sejam compensados pela qualidade do egresso das universidades públicas.

Na minha modesta opinião uma das grandes causas desse fenômeno é a não integração dos níveis de ensino e a cada etapa o estudante é recebido com um processo completamente diferente e desconectado do nível anterior. Ocorre na passagem do Fundamental I para o II, do Fundamental II para o Ensino Médio e deste para a graduação.

O TCC

E ao chegar ao final da graduação existe um último desafio que é a Redação e defesa de um Trabalho de Conclusão de Curso. A princípio o TCC é para o acadêmico colocar ali uma demonstração de como ele saiu bem formado da graduação e que é capaz de dissertar sobre um tema sem grandes dificuldades. Mas acaba sendo um pesadelo na vida de muitos, pois em muitos casos o aluno não tem a menor ideia do que fazer e nem por onde começar. E esse fenômeno do TCC dá início a uma cultura no país de fazer produção acadêmica desconectada da realidade de mercado e da sociedade, destinadas a cumprir uma etapa obrigatória e a ficar em um banco de dados. Acontece no TCC e nos níveis posteriores de pós-graduação.

Quanto avanço teria o país se conseguíssemos transformar o TCC, dissertações e teses em peças de solução de problemas e de promoção do desenvolvimento da sociedade?

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