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TORNOZELEIRA ELETRÔNICA – COLUNA DC 11/01/17

Pela primeira vez estive em contato direto com uma pessoa portando tornozeleira eletrônica. Estava tendo uma conversa num grupo de pessoas quando a portadora do artefato mudou a posição das pernas e ela ficou visível. As boas maneiras naturalmente mandam não perguntar o que houve, e isso faz a gente pensar em mil variáveis e possibilidades. Imagino que essa situação se repita com todos os egressos do sistema penitenciário quando vão procurar emprego. A senhora que estava com a tornozeleira parecia bem adaptada ao fato e não tinha embaraço nenhum em ostentá-la. E estava tentando reconstruir a vida, dentro de suas possibilidades e capacidades.

Um encontro com a realidade como esse sempre nos leva a pensar nos caminhos que nosso país trilha e como eles levam ao aumento da criminalidade e da marginalidade. As revoltas que acompanhamos no noticiário e toda a barbárie associada, mostram claramente que estamos fazendo a coisa errada.

AUMENTO DAS VAGAS

Na imprensa foram anunciadas a criação de mais umas 4000 no sistema penal, principalmente no norte e centro-oeste. Mais um sintoma de que as coisas vão mal. Ao longo dos anos a vitória contra o crime deveria levar a uma redução da demanda por vagas em presídios, o que significa que estamos caminhando no sentido contrário ao da solução do problema. É preciso realizar uma análise crítica profunda das políticas públicas que atuariam na redução dos crimes. Pode-se também fazer benchmarking em países onde as coisas deram certo, mesmo que sejam países mais desenvolvidos que o Brasil, afinal, sonhar não custa nada. Quem sabe cheguemos a uma situação como a da Suécia, Dinamarca e outros países. Tudo tem um começo.

PREVENÇÃO NO LUGAR DA REPRESSÃO

Prevenir é sempre o melhor remédio. É preciso fortalecer o sistema educacional brasileiro, melhorando as estruturas e infraestruturas das escolas públicas. Valorizar os professores, mas dentro de um programa de meritocracia, onde os professores com melhores resultados e com impacto efetivo no aprendizado dos alunos possam ganhar mais que os outros. Programas fortes de educação contra o uso de drogas e álcool na juventude, que é onde tudo começa, até parar no presídio ou no cemitério. E incentivar a geração de emprego, renda e empreendedorismo para que a juventude tenha perspectivas e possa sonhar. O governo e nós professores deveríamos tentar responder porque os jovens não gostam da escola. Essa resposta é crucial para definirmos uma forma de tornar a escola atraente para eles, e que o chamado das salas de aulas seja mais forte que o chamado das ruas. Aí então entraremos na mão certa da solução e não da ampliação do problema.

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