Uma iniciativa que existe há quatro anos em Ponta Grossa, mas que já dava bons resultados em outras cidades e regiões do país, representa concretamente uma das melhores qualidades da democracia, que é a participação civil e popular na fiscalização direta dos servidores públicos com cargos eletivos ou não, diante da atividade administrativa, com foco atualmente nos processos licitatórios do Poder Executivo Municipal. Trata-se do Observatório Social dos Campos Gerais (OSCG), que como o nome indica já está atuando também em outras cidades da região.
A ação dos voluntários do O.S. além de exemplo de atitude cívica e cidadã deve servir de paradigma para uma sociedade mais evoluída, onde os cidadãos assumem o controle daquilo que lhes é de direito, assim como é sua obrigação estar com seus deveres em dia. Sendo assim, nada mais justo que a população exija transparência do Poder Público através de ações como esta, inclusive porque o Poder Legislativo que deveria exercer uma de suas prerrogativas primárias, de fiscalizar o Executivo, em muitos casos se omite, cochila ou até compactua com ilicitudes muito praticadas nas Prefeituras e Câmaras Municipais Brasil adentro. Não é a toa que por aqui, alguns vereadores já se estranharam com o pessoal do O.S.. Fica a sugestão para que as licitações do Poder Legislativo também sejam fiscalizadas.
No governo de Pedro Wosgrau Filho ocorreu um fato lamentável, para não dizer suspeito, quando os voluntários do Observatório Social foram tratados como criminosos e retirados pela Guarda Municipal em um processo de licitação, que deveria ser aberto a qualquer pessoa, a qual ainda teria o direito de argumentar caso tivesse alguma contestação a fazer. Que o fato não mais se repita, pois para qualquer prefeito realmente comprometido com a transparência (não aquela dos banheiros públicos), verá que os voluntários do Observatório Social podem auxiliar de maneira muito efetiva para a economicidade do Erário.
Somente em quatro meses deste ano, a prefeitura de Ponta Grossa já deixou de gastar mais de R$ 22 milhões, através do trabalho desenvolvido pelo O.S., ou seja, em um ano essa economia poderá chegar a mais de R$ 60 milhões e em quatro anos a R$ 240 milhões. A título de comparação, as trincheiras da Ernesto Vilela e do Los Angeles custarão R$ 5 milhões cada. Enfim, ao que parece, na atual gestão está existindo maior boa vontade com o Observatório, que já conseguiu reduzir de 68%(!), para 31,85% as modalidades de aquisição de produtos e serviços sem licitação do total de compras. Fica evidente que o porcentual desse tipo de compra pelo município ainda é muito alto, havendo margem para mais economia e menos corrupção.
Parabéns aos voluntários do Observatório Social Campos Gerais, verdadeiros abnegados que dedicam parte do seu valioso tempo e sem nenhuma remuneração para o bem comum. Vida longa a essa atitude revolucionária.
Sandro Ferreira, cidadão de Ponta Grossa