Menu
em

Unidos da decadência do Carnaval

Carnaval, o “carne vale”, que significa “adeus à carne”, festas regidas pelo ano lunar no Cristianismo da Idade Média e o que tem os desfiles e fantasias, da forma como conhecemos hoje, como heranças de uma sociedade vitoriana do século XIX. Portanto, já desmistificamos a primeira grande máxima, de que o carnaval é uma celebração tipicamente brasileira. O que o Brasil fez pelo carnaval foi dar brilho, lantejoulas, penas de faisão, baterias, alegorias e pouca roupa, mas engana-se quem considera o evento como a maior festa popular do mundo. Não, não é não.

O carnaval está cada vez mais aristocrático. Vendas de abadas e camarotes caríssimos e garantia de bons negócios. Ao povo, que não pode gastar fortunas, e é a grande maioria, resta mesmo ficar do lado da corda destinado à pipoca. De democrático isso não tem nada, porque os próprios trios elétricos não estão ali pura e simplesmente para divertir a massa, mas porque são financiados pela mesma. Recebem quantias exorbitantes das prefeituras, numa espécie de apadrinhamento político, e, no entanto, o pão não é garantia na mesa do povo que leva uma vida miserável. Este tipo de coisa não é privilégio dos trios elétricos da Bahia, porque as escolas de samba, do Rio de Janeiro e São Paulo, são igualmente politizadas. Dinheiro público gasto em demasia numa festa de cinco dias e que poderia ser investido em tantos outros segmentos sociais. Aliás, amor pela escola de samba nos dias de hoje é uma balela. Você pode desfilar onde você quiser sem precisar sequer saber o samba enredo. Pagando bem, que mal tem? Foi-se o tempo em que as agremiações desfilavam enredos entusiasmados com temas que sugeriam críticas sociais, aspectos políticos sem fazer politicagem e seus integrantes se envolviam com o tema escolhido.

Outro exemplo lamentável do carnaval foi o que presenciamos na apuração dos votos do evento paulista do ano passado, a alegoria da aberração. Misturar torcidas de futebol, que não são nem um pouco organizadas, com carnaval é pedir para dar confusão. Dá um aspecto marginal e uma competição destrutiva, porque, o que foi feito no sambódromo é o que estas torcidas fazem geralmente quando acompanham seus times nas cidades do interior, baderna, violência, brigas e vandalismo.

Discutir sobre o carnaval é também falar sobre calamidades públicas como os números alarmantes de acidentes nas estradas por causa do abuso na ingestão de bebidas alcoólicas e casos de gravidez indesejadas e aí é inevitável não pensar nas DST´s e procedimentos de aborto pós-festas.

Que papo careta e moralista, que saudosismo mais arcaico. Não sou contra a festa, a alegria e a diversão. Acho bom que um país em que somos massacrados todos os dias com notícias destrutivas, o povo tenha motivos para se distrair e comemorar algo. A falta de juízo crítico, o embotamento social, a irresponsabilidade de algumas pessoas, banalidades, exageros, falta de limites e as bandalheiras políticas são alvo das críticas deste artigo. Mas tudo bem, um salve para a alienação de um povo que se fantasia muito bem, mas parece não saber aproveitar as coisas boas da vida.  

 

*Breno Rosostolato é psicólogo clínico, terapeuta sexual e professor da Faculdade Santa Marcelina – FASM

 

 

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.
Sair da versão mobile