Parte I
* Patrícia Ecave
Entre os anos de 2001 a 2010 tivemos a criação de 17,8 milhões de empregos no Brasil, um crescimento aproximado de 68%; em 2013 cerca de 93 milhões de brasileiros foram considerados aptos a trabalhar, porém 90% das novas vagas de emprego requer o ensino médio como escolaridade mínima conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entretanto, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 40% dos trabalhadores têm ensino fundamental incompleto e 16% são considerados analfabetos funcionais, incapazes de atuar significativamente em seus respectivos grupos e comunidades, pela insuficiência de habilidades básicas de leitura e escrita.
No primeiro semestre de 2013 o Brasil ofertou 1,4 milhão de vagas no mercado de trabalho, de acordo com informações fornecidas pelo Ministério do Trabalho, das quais apenas 22% foram preenchidas. Ademais, menos de 15% dos jovens que concluem o ensino médio na rede pública de ensino conseguem chegar ao ensino superior.
Estes dados que apresento ao leitor objetivam demonstrar a nítida falta de qualificação para o mercado de trabalho no Brasil, que sem dúvida atrapalha o desenvolvimento industrial em nosso país. A mão de obra qualificada é fundamental para o desenvolvimento econômico e a competitividade com outros países é prejudicada por sua carência, combinada a outros fatores como a carga tributária, por exemplo.
Faz-se essencial destacar que a tecnologia é intrínseca ao crescimento do mercado. Todavia boa parte dos trabalhadores brasileiros não é contemplada pelas ferramentas tecnológicas em todo o seu potencial, ferramentas estas que desempenharam um papel fundamental no decorrer da história da humanidade e na concepção do mundo atual.
Há uma década, quando de sua instalação, uma nova indústria em Ponta Grossa realizou a contratação de profissionais de outras cidades e estados para suprir suas demandas, cuja medida gerou críticas e questionamentos. Observo que, diante da ausência de profissionais qualificados na cidade e as necessidades da produção, o caminho óbvio é a admissão de mão de obra externa.
Este episódio serve como alerta para a necessidade de discutirmos a questão da qualificação profissional, afeta aos setores tanto comercial quanto industrial. Um cliente mal atendido não retorna ao estabelecimento e ainda propaga aos amigos e a quem interessar possa a sua insatisfação. Neste quesito, saliento a imprescindibilidade da promoção da capacitação às equipes por parte dos empresários, aliada a um bom ambiente de trabalho: funcionário feliz se traduz em cliente satisfeito, fomentando bons rendimentos e crescimento para os negócios da empresa.
*Patrícia Ecave é diretora geral da Secretaria de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional