Parafraseando o grande Jorge Paulo Lemann, quando ele afirmou que pensar grande ou pensar pequeno gasta-se a mesma quantidade de lenha (energia demandada), entendemos que ele quis dizer com isto nos exortar em direção ao empreendedorismo e não abrir mão da ousadia para crescer, pois simplesmente tudo na natureza o que não cresce desaparece.
Entretanto, nesta afirmação pode ter mais alguma lição de vida que podemos aplicar no cotidiano. Sabemos que nosso cérebro é um incansável trabalhador e não para nunca, nem mesmo quando desligamos para dormir. Desta forma ele é um dos maiores demandantes de energia do nosso organismo. Para mantê-lo firme e forte é necessário uma disciplina de alimentação diária, seguida de exercícios físicos e mentais, os quais colocam todos os seres vivos numa épica batalha diária pela sobrevivência.
Assim sendo, podemos refletir, se nosso cérebro não para e o consumo de energia é constante, independente de ocupa-lo com coisas grandes ou pequenas, por quê nossa teimosia em focar em coisas pequenas? Por quê esta tendência a picuinhas? Não quero aqui fazer apologia contrária ao valor das pequenas coisas, pois afinal pequenos detalhes podem fazer grandes diferenças, assim como pequenas empresas podem fazer grandes negócios. Porém, é nítido que muitos de nós passamos às vezes uma vida olhando os buracos e as pedras da estrada e não conseguimos perceber a grandeza da aurora ou do crepúsculo de cada dia.
Se caminha à noite não percebe o brilho do luar, nem tampouco a imensidão do universo. Insegurança, medo, falta de fé, o que leva um cidadão fixar seus pensamentos e toda a sua energia nas picuinhas, sem se dar conta da grandeza da obra da criação que está à sua frente? Nas nossas empresas, ou em nossas atribuições diárias, somos cobrados pelos detalhes para que se evitem os erros, ou somos cobrados a criar e produzir melhores resultados para as pessoas para as quais dedicamos nosso talento?
Vejam aqui a imensa responsabilidade de um líder. O tamanho ou a grandeza de suas cobranças formatarão o tamanho de sua equipe. E você? Está formando equipes ousadas, destemidas, criativas e inovadoras, ou apenas medíocres que nunca erraram um pênalti porque nunca tiveram a coragem de se apresentar para a cobrança? Pense nisto, mas lembre-se: pensar grande ou pensar pequeno irá demandar a mesma quantidade de lenha. O caminho existe, vamos trilhar.
O autor é empresário com 30 anos de experiência em associativismo. Formado em Filosofia e Administração.