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Partidos de quem?

Sandro Ferreira

Findou no último dia 7 de outubro o prazo para as filiações partidárias aos que no ano que vem, pretendem lançarem-se candidatos na eleição proporcional ou na majoritária. A um ano do primeiro turno de 2012, todos puderam acompanhar o intenso troca-troca de postulantes a cargos públicos nas esferas municipais de todo o país, até os últimos minutos úteis da sexta-feira passada. A “janela de transferência partidária” ficou parecendo o Campeonato Brasileiro de Futebol, quando até o meio do torneio, atletas podem ser contratados para jogar no exterior e vice-versa. No futebol já não é uma prática muito louvável, já que o jogador deveria ter compromisso com o seu time de origem, mas razões econômicas fazem com que haja interesse tanto dos clubes quanto dos jogadores nessa transação. Agora, na política?!

Dada a proporção que tomou essa “orgia partidária” praticada no Brasil, esse fato só não espanta mais porque já vivemos no país dos absurdos desde sempre, e devemos estar anestesiados com tanta canalhice. Nesta terra vemos políticos pular de partido em partido, ao sabor de suas conveniências eleitorais, sem que se sinta obrigado a dar uma mera satisfação aos seus eleitores, e pior, sem nenhuma sombra de caráter ideológico ou programático na transferência. Tudo é feito apenas por interesses pessoais urgentes ou para sair da incômoda oposição e aderir à situação de plantão. Chegamos ao extremo de ver criado o primeiro partido do mundo, que “não é de esquerda, nem de centro e nem de direita”, o PSD, conforme seu criador, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o definiu. E olha que esse dinossauro “sem rumo” já nasce como o quarto maior partido do país em bancada no Congresso Nacional. Uma aberração do nosso tempo. Exigir ideologia de um político brasileiro hoje é tão absurdo quanto se exigir honestidade. O que deveria ser exceção virou regra no país onde “José Sarney é incomum”.

Hoje em dia no Brasil, as maneiras mais fáceis de ficar milionário são fundando um banco, uma igreja ou um partido político. A democracia vem sendo tripudiada por aqueles que só veem na política, a sua oportunidade de ascensão socioeconômica, e não uma ação efetiva em prol do coletivo, da sua comunidade. É claro que eles também fazem muita caridade com chapéu alheio, na pior característica do velho clientelismo, para manter grandes estratos da sociedade dependentes de suas ações, já que muitos enxergam, e tratam pessoas, como se fossem manadas.

Aqui em Ponta Grossa, vemos partidos políticos nas mãos de poucos, dominados por raposas, algumas inclusive que se acham no direito de estampar a própria face ao lado da legenda em plena Av. Vicente Machado, como se fosse a logomarca do partido por estas paragens. O indivíduo em questão ainda não se satisfez em dominar apenas um partido, possui dois, e apesar de liderar uma frente que se diz popular, só anda ao lado de magnatas. Mas este é apenas o pior exemplo, todos sabem que partidos tradicionais como PSDB, DEM, PT e PMDB, aqui em PG, também são dominados por meia dúzia de cabeças, que ditam as regras dos partidos, sem nenhuma abertura para as bases.

Nesse caldeirão de letras que virou o quadro partidário nacional, onde partidos políticos viraram franquias e daqui a pouco vai faltar alfabeto para tantas siglas, está faltando democracia partidária, renovação de quadros e mais realismo do que os cidadãos verdadeiramente estão precisando.

O Brasil tem potencialidades que todos estamos cansados de ouvir, mas existe um obstáculo que persiste em atrasar a nação, e não é só corrupção, mas a princípio, a falta de comprometimento dos políticos com seu povo. Depois de eleitos, eles desaparecem e saem da realidade, egos já inflados se aplumam ainda mais, e a população acaba esquecida pelos “tantos afazeres”, de CPI’s inúteis, estudos franciscanos para se aumentar a arrecadação, criação de leis anacrônicas, buffets à francesa, reuniões em palácios, votações secretas, cafezinhos, entrevistas, viagens, férias, diárias, jetons…

Cidadão brasileiro 

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